terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Enquanto ando

Enquanto ando percebo que o céu não é um só: há tantos céus e tantos azuis quanto olhos para vê-los. Enquanto ando percebo que o ar não é um só: há tantos ares quanto pulmões para respirá-los. Enquanto ando percebo que nem mesmo o Sol é um só: são muitos, muitos sóis, tantos quantos são aqueles sob suas luzes. Enquanto ando percebo a irrealidade da comunicação, essa quimera. Não há palavra, gesto ou som que comunique. Não há palavra, gesto ou som que atinja seu destinatário da forma como pretendia seu emissor. Não há palavra, gesto ou som...
Mas quando me sento é que vejo, na absoluta profundidade de sua inconsistência, flutuando sob a sangria do Sol agonizante, o Supremo Nada, Princípio e Fim de tudo o que (não) há. E, no êxtase causado por essa Iluminação noturna, calo-me.

Nenhum comentário: