Uma vez li um comentário - no orkut, acho - de uma pessoa que comparava o pop de Madonna ao de Kylie Minogue. Segundo essa pessoa, a grande diferença entre as duas está no fato de que Madonna faz um pop visceral, enquanto Kylie Minogue faz um pop frio. Achei uma boa avaliação. Gosto das duas e concordo com o comentário, que guardei na memória.
De acordo com esse critério de classificação, as coisas que escrevo estão muito mais alinhadas com a Kylie do que com a Maddy. Meus textos, e, por conseguinte, meu blog, são frios, e não viscerais. Não escrevo para expressar nada - sentimentos, emoções, sensações. Não escrevo por necessidade. Necessidade lembra obrigação, e o que é obrigatório torna-se chato, monótono. Na última vez em que lecionei Língua Portuguesa, notei que as meninas estavam sempre escrevendo bilhetinhos e recadinhos na agenda das outras, e os meninos estavam sempre escrevendo piadinhas e letras de rap. Mas quando o ato de escrever tornava-se obrigação, era sempre visto como algo enfadonho.
Escrevo, como meus ex-alunos da 6ª série, por prazer. Só. Sobretudo, escrevo textos cuja leitura me seja prazerosa. Textos que eu gostaria de ler. Faço o blog da maneira que ele me seja mais agradável, textual e visualmente. Depois de postar, fico contemplando-o, relendo. Às vezes mudo alguma coisa. Não para me expressar melhor. Mas para sentir mais prazer. (Ia escrever "para gozar melhor", mas achei muito despudorado para a persona com a qual escrevo hoje.)
"Literatura não é documento, foi Ana mesmo quem disse"
(Ítalo Moriconi, IN: "Ana Cristina César - o sangue de uma poeta")
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