Encerrou-se o tempo em que o direito de ter uma voz era restrito a pouquíssimas pessoas. O tempo em que meia dúzia de pessoas ditavam suas nobres e inquestionáveis verdades a todas as outras. A revolução trazida pela internet vai muito além dos modismos e dos relacionamentos virtuais via msn e sites de relacionamento. A grande virada provocada pela rede consiste no fato de ter dado voz a milhões de pessoas que antes eram apenas receptoras de opiniões, informações e verdades prontas.
Cria-se uma nova Grande Voz, formada por milhões de vozes, que hoje questiona, contesta, provoca, desafia, fornece informação divergente da oficial. Ao mesmo tempo, a antiga Grande Voz, a da velha imprensa, dos jornais, da televisão, dos jornalistas (sempre defensores dos interesses de elites) vai perdendo a força, tornando-se apenas mais uma no meio das milhões de vozes. O Jornal Nacional já não é mais visto como antigamente. Os jornais das grandes e pequenas cidades também perdem importância e muitos até deixam de existir. A informação agora vem de múltiplas fontes, permeada de múltiplas visões, de múltiplas posturas diante do mundo. Os jornalistas vão se tornando uma classe de antigamente. Não precisamos mais de um grupo de pessoas que nos forneça informação mastigada e acrescida de ideologias. Agora nós mesmos produzimos informação e a colocamos à disposição de quem a queira.
Outro aspecto da atual revolução é criado pelo compartilhamento. Além de informações, passamos a compartilhar de bens culturais através da internet: música, filmes, livros, imagens. Tudo é colocado à disposição gratuitamente. Sem dúvida, a revolução do compartilhamento é grandiosa e vai diretamente contra os princípios do capitalismo. Antes, quem quisesse ouvir um disco tinha que pagar por ele. Hoje é possível obter qualquer música que se queira na rede. Usurpação? Não, compartilhamento. Se a música está na rede, é porque alguém a tinha e quis disponibilizá-la a outros. A velha indústria da cultura, que sempre a manteve restrita a uma pequena fatia da população, esbraveja e tenta criminalizar o compartilhamento em nome dos "direitos autorais", em sua "luta anti-pirataria".
Mas a revolução da informação e do compartilhamento não poderá ser detida. A velha imprensa, a velha indústria cultural e tudo o que elas representam estão com os dias contados.
A propósito
AQUI tem um artigo muito bom sobre as campanhas "anti-pirataria" e o que há por detrás delas.
Um comentário:
afinal, informação e cultura são livres por natureza! o comércio dessas coisas não tem como perdurar.
e viva a nova Grande Voz!
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