domingo, 2 de março de 2008

Ouvindo... Baby Consuelo




Algo que aprecio muito é conhecer a obra inteira de um artista. No caso da música, isso significa percorrer toda a discografia de algum cantor ou grupo. Na primeira vez em que fiz isso, eu era ainda adolescente: fui comprando todos os CDs da banda Legião Urbana e também os trabalhos solo de Renato Russo. Isso levou algum tempo, pois eu não tinha dinheiro para comprar mais do que um CD por mês, além de ser difícil de encontrar os discos mais antigos (onde eu morava nem havia loja especializada em discos). Hoje, com a internet, é algo bem mais fácil: basta procurar um link e fazer o download do álbum desejado.
Atualmente, estou explorando a discografia de uma cantora muito controvertida, a começar pelo seu nome: outrora Baby Consuelo, hoje Baby do Brasil. Ela começou sua carreira junto ao grupo Os Novos Baianos, em 1969, no qual permaneceu até o final de década de 70, quando iniciou sua carreira-solo. Esse grupo marcou época na música brasileira, tanto pela musicalidade quanto pelo estilo e pela filosofia de vida: remanescentes do movimento hippie, viviam em uma comunidade com ares anárquicos. Em sua carreira solo, Baby preservou algumas das características do grupo: fundia em suas canções elementos do rock com elementos de várias vertentes da música popular brasileira. Na década de 80, tornou-se adepta de uma corrente esotérica liderada por Thomas Green Morton, que passou a influenciar seu repertório e seu visual, cada vez mais exótico. Finalmente, tornou-se evangélica e hoje canta apenas música gospel.
Dos discos que já ouvi de Baby, meu preferido pode ser considerado seu último álbum de verdade: "Sem pecado e sem juízo", de 1985 (ano em completei 5 anos de idade). Depois desse, ela lançou apenas alguns trabalhos, digamos, menos interessantes. "Sem pecado e sem juízo" é impregnadíssimo pelo esoterismo de Baby. Até na capa aparece a palavra divulgada por ela como tendo poderes mágicos, o famoso "rá", que em algumas músicas ela também repete. Ainda na capa, ela aparece usando garfos entortados como colares (seu mestre espiritual alegava ter poderes paranormais e entortava garfos com esses poderes). Nas letras das canções, ela fala de experiências místicas, energias cósmicas, mas também de sensualidade e paixão. E as músicas transitam entre baladas pop, rock com abuso de solos de guitarra (à la Pepeu Gomes), e ritmos nordestinos, numa salada que resulta muito interessante e é completada pela voz doce de Baby, que a gente nunca sabe direito se está afinada ou não, mas que sempre acaba seduzindo por sua unicidade.
Vale à pena conhecer o trabalho dessa artista tão singular e que poderia ter rendido coisas ainda melhores se tivesse sido mais valorizada e bem aproveitada. De qualquer forma, ela é uma legítima representante de uma época cheia de loucuras, mas plena de vida e exuberância. Infelizmente, com sua conversão ao evangelismo ela dificilmente voltará a produzir qualquer coisa que não sejam hinos religiosos...






3 comentários:

Anônimo disse...

A Baby Consuelo sempre foi muito doida, além de ter um vozeirão e ser muito bonita, é claro rsrsrrsrs...

www.fatorweb.wordpress.com

Anônimo disse...

Convidei você para um Meme. de uma olhada em meu blog se quizer fazer.

Dori Denitzio disse...

Gostaria de saber mais sobre Baby Consuelo,sempre gostei suas musicas mas ela despareceu da midia,por onde andara?