segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ouvindo... "Primavera in anticipo"

É impressionante a competência cada vez maior de Laura Pausini em apresentar álbuns envolventes do início ao fim. Se o nome da cantora italiana ficou ligado a canções um pouco melosas e com uma queda para o brega, como os hits "La Solitudine" e "Strani Amore", do início de sua carreira, engana-se quem pensa que ela é só isso . Laura Pausini cresceu e evoluiu, amadureceu como cantora, disco após disco, em todos os sentidos. Quem mantém preconceitos em relação a ela não sabe o que está perdendo...


"Primavera in anticipo", lançado no final do ano passado, consuma os passos dados por Pausini em seus dois álbuns anteriores - "Io canto" e "Resta in ascolto" - em direção a uma sonoridade cada vez mais "pop-rock", ou seja, feita de arranjos baseados em guitarras e bateria potentes, com um pouco de violão, piano e cordas, e raros sintetizadores. (Bem diferente de seus três primeiros trabalhos!) As melodias de seus últimos álbuns também mostram-se ricas e complexas, destoando da monotonia que reina no pop atual. A voz de Laura, que se aproxima da perfeição como intérprete, e letras cada vez mais elaboradas e poéticas, completam um projeto que só pode ser aplaudido.


No Brasil não temos, atualmente, uma cantora como Laura, assumidamente pop e despretensiosa e, ao mesmo tempo, com um trabalho extremamente cuidado e elaborado. As cantoras daqui tendem ou para o escracho e a pobreza de uma música voltada para a massa das micaretas - como Ivete Sangalo e Claudia Leitte, as queridinhas das gravadoras e da mídia - ou para a chatisse de uma postura que se leva a sério demais (sem que isso signifique, necessariamente, qualidade) - como Ana Carolina e Marisa Monte, as queridinhas da crítica. (Ana Carolina, aliás, talvez seja a artista mais supervalorizada dos últimos tempos: suas músicas são pobres, suas letras são puro clichê e sua interpretação é monocórdica, mas todos falam dela como se fosse uma artista de inquestionável talento...)


Não se trata de valorizar mais o que vem de fora, e sim o que merece ser valorizado. Em matéria de música, tenho preferido a estrangeira e a de épocas passadas. A culpa não é minha se meus ouvidos são exigentes e se recusam a gostar das vozes e melodias pasteurizadas das axezeiras...


No vídeo abaixo, o clipe da formidável canção que dá título ao álbum, com participação de James Blunt.



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