sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Presente de amigo secreto

Recebi hoje o presente do Amigo Secreto que fizemos na comunidade Postcrossing do orkut. Quem me tirou foi a Nuria, de São Paulo, e ela presenteou-me com um postal gigante que mostra a interessantíssima tela "Paulistanos and visitors", de Duracelli. E
is-lo, frente e verso:




domingo, 22 de novembro de 2009

Gatinhos vieram à noite...





Altas horas da noite, madrugada de sábado para domingo, quando ia deitar-me, ouço o miado inconfundível de filhotes felinos vindo da rua. A noite tinha sido chuvosa, mas naquele momento a chuva dera uma trégua. E foi o bastante para que alguém abandonasse os pobrezinhos aqui pela rua.

Levantei-me e fui ver onde estavam eles. Na primeira tentativa, não consegui aproximar-me, pois haviam entrado no pátio de um vizinho. Na segunda, tinham ido para baixo do carro de outro vizinho. Na terceira tentativa, peguei-os desprevenidos em um canto de onde não tinham como fugir. Capturei os três cinzentos e os trouxe para casa. São ainda muito pequenos e magrinhos, e bem ariscos. Por sorte, tinha ração de filhotes em casa (herança de meu filhote que partiu), e eles comeram. Arranjei-lhes uma caixa com panos para fazerem sua toca. E ali dormiram.

Não posso ficar com os três, mas com um apenas ficarei. (Difícil será escolher...) Para os outros agora preciso encontrar um destino, ou seja, quem os adote. Encontrei na internet um grupo chamado SOS Animais Pelotas, que acolhe animais abandonados e os encaminha para adoção. Entrei em contato com pessoas do grupo através da comunidade no orkut e estão me orientando a respeito de algumas possibilidades. Parece que há pet shops que acolhem os bichinhos e os deixam "em exposição" para que interessados os levem. Verei ainda o que será feito, mas na rua os coitadinhos não ficarão.

Não consigo entender como alguém tem coragem de abandonar os gatinhos assim. Se iam largá-los, que ao menos esperassem eles crescerem um pouco, pois novinhos como são estavam sujeitos a todos os perigos sem defesa alguma...

Para quem se interessar, o site da SOS Animais Pelotas está AQUI.

P.S. A Lady Gata tem me visitado todas as tardes. Quero ver qual será sua reação ao encontrar com os três novos hóspedes, hehehe...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Lady Gata



Há alguns dias ela vinha frequentando sorrateiramente minha área de serviço, onde fica a ração do cachorro. Ontem fiz um rápido contato com ela, antes que fugisse para cima do telhado do vizinho. Hoje, enfim, ela resolveu fazer uma visita amigável. Aproximei-me dela, peguei-a no colo e trouxe para denro de casa. Comeu o que lhe ofereci, investigou se havia outras guloseimas, conheceu todos os cômodos da casa e depois deitou-se um pouco em frente de casa, antes de sair para a rua.

Deve pertencer a algum vizinho daqui da rua a simpática gata. Deve ser acostumada a não parar muito tempo dentro de casa e a vagamundear pelas ruas. Acho até que está grávida, pois sua barriga parece estar em crescimento. Quando saí para ir ao supermercado, ela ficou deitada ali na frente de casa. Quando voltei, ela não estava mais. Depois, saí de novo e quando voltei, eis que ela estava ali na calçada, como a me esperar. Abri o portão e ela foi entrando, como velha conhecida. Abri a porta e ela entrou, logo encontrando os restos da comida que tinha lhe oferecido antes. Passou aqui bem umas duas horas até que resolveu sair de novo rumo à rua. Gata inquieta, não pára muito tempo num lugar só. Deixa-me aqui preocupado com seu destino na rua, mas o que posso fazer, se nem minha é, se nem sei quem é seu dono (se é que possui um) e se ela é incapaz de permanecer aqui trancada? Receberei-a sempre que quiser me visitar, mas só enquanto quiser ficar.

Para mim ela se chama Lady Gata, referência à cantora, pois é esquisitinha e piriguete como ela.

sábado, 10 de outubro de 2009

Bonn am Rhein


Recebi ontem este belíssimo postal da Basílica de Bonn, na Alemanha (Informações adicionais by Google: construída nos séculos 11 e 12 em estilo românico e gótico). É um postal bem grande (20x15) e suas cores são mais bonitas do que aparentam na tela do computador.
No mesmo dia, recebi um outro postal, vindo de Oklahoma. No verso dele, a moça que o envou desenhou um gatinho e escreveu: "I am obsessed with rates!" Tudo diz tu queres gato.

domingo, 4 de outubro de 2009

Queremos gato

O nome de gato assegura minha vigília*


Queremos gato
gato que era nosso
gato que beijava
gato que crescia
gato que seria
gato grande um dia
Queremos gato
gato de quem éramos
gato que xingávamos
gato endiabrado
gato das tocaias
gato e seu miado
Queremos gato
gato que era nosso -
gato, vem pra fora
sai, gato, do buraco
do buraco da terra
do buraco da alma
buraco em que te meteram -
Queremos gato que era nosso
gato que outro não há
gato que já não é
gato que não será

O gato era um dia imaginado nas palavras (...)
o gato era gato que não símbolo (...)
o dia do gato que seria (...)*


tu queres gato: tira do teu ventre
morno medida de tua garra,
o formato e as unhas te fazendo,
tuas certezas, teu único sonho, botas e

cobertas que também desfazem teu salto
e se apronta para sobrevoar o campo alheio
e se lançar meio tigre sobre as marcas
que não sabes nem sabes repousar, e os gemidos

de fome em gato não ouças, mas vive
os cantos da casa e os pêlos amedrontados
e a ameaça acordando o nome gasto

e se deita depois num lento revirar ignorado,
torna a escrita e o desenho que ressonamdes
conhecidos traços te seguindo.*

* Ana Cristina Cesar: d’après Jorge de Lima Invenção de Orfeu I, XVIII

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Que bicho é este?

O postal da China que recebi hoje tem a foto deste artesanato típico de lá, com este bonito mas estranhíssimo bicho.

Quero ver quem consegue adivinhar que bicho é! Um coelho? Um elefante (sem tromba)? Um gato?? Ou outro animal? A resposta está logo abaixo da foto.

Nem coelho, nem elefante, mas parente do gato. É um tigre!! E um tigre mágico, que traz boa sorte, conforme informa o texto explicativo que veio no verso do postal e que traduzo (do inglês e não do chinês!) a seguir:

O povo chinês sempre respeita e reverencia o tigre, acreditando que ele pode afastar os males e garantir a paz e a saúde. Com a inscrição de "Chang Ming Bai Sui" (que significa longevidade em chinês), é utilizado pelos anciãos como um presente para as crianças, com o desejo de boa saúde e longevidade.

sábado, 25 de julho de 2009

Da América, um Hokusai

Kelly, uma garota estadunidense de 21 anos, enviou-me este postal, com uma pintura de seu artista favorito, Hokusai.

Assim sou levado a descobrir o pintor japonês que nessa obra assina como Katsuhika Hokusai e que viveu entre 1760 e 1849. A obra chama-se “Fuji Seen in the Distance from Senju Pleasure Quarter [Edo]”, algo como “O Fuji visto à distância do Senju Pleasure Quarter” e faz parte de uma série chamada “Thirty-Six Views of Mt Fuji”, “Trinta e seis visões do Monte Fuji”.



A gente pode se perder nessa gravura, há tanta coisa nela, você viu?: os homens, fazendo sei lá o quê, a plantação de arroz, as casas, e, sim, o sempre hipnótico Fuji.


O que você notou primeiro?

terça-feira, 14 de julho de 2009

O homem santo indiano e o gato alemão

Este postal parece ter vindo diretamente da novela da Glória Perez. Um "homem santo" indiano, ao lado de uma vaca. Veio de Mcleod Ganj, cidade que abriga muitos refugiados tibetanos (conforme informou-me o simpático indiano que mandou o postal). Por isso, ali há uma convivência de tradições hindus e budistas, como bem mostra a foto: ao fundo, pode-se ver os roletes de orações que o tibetanos costumam girar ritualisticamente. É o meu primeiro postal da Índia; ainda há poucos indianos no Postcrossing.

E este gato é duplamente alemão: não só veio da Alemanha, como tem estes traços arianos, típicos de lá. Estou ficando intrigado: já recebi uma dezena de postais da Alemanha com fotos de gatos (No meu perfil e digo que gosto de postais mostrando gatos, mas todos os postais com gatos que recebi foram de lá!). O que os alemães têm com os gatos??

tu queres gato: tira do teu ventre

morno medida de tua garra,

o formato e as unhas te fazendo,

tuas certezas, teu único sonho, botas e



cobertas que também desfazem teu salto

e se apronta para sobrevoar o campo alheio

e se lançar meio tigre sobre as marcas

que não sabes nem sabes repousar, e os gemidos


de fome em gato não ouças, mas vive

os cantos da casa e os pêlos amedrontados

e a ameaça acordando o nome gasto



e se deita depois num lento revirar ignorado,

torna a escrita e o desenho que ressonamdes

conhecidos traços te seguindo.




Ana Cristina Cesar: d’après Jorge de Lima Invenção de Orfeu I, XVIII

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sauna finlandesa

Na Finlândia existem 2 milhões de saunas. Cada família tem sua sauna particular, em uma casinha à beira de um lago. É um costume de lá, plenamente compreensível quando se pensa no frio intenso daquela região próxima ao Pólo Norte.

Muito simpático este postal que recebi, retratando uma dessas saunas. Foi enviado em 19 de junho, data do "Midsummer", o solstício de verão (lá), feriado que todos aproveitam para viajar até suas casas de lago. Uma legenda no verso do postal diz: "The sauna is the poor man's pharmacy."

P.S. Nunca estive na Finlândia, nem tenho qualquer ligação direta com esse país. Mas desde que comecei a participar do Postcrossing, recebi tantos postais de lá que passei a conhecer vários aspectos da cultura finlandesa e a simpatizar bastante com o país.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Trem alemão


Veio da Alemanha este trem. Esta é uma ponte mágica, que parece atravessar apenas um monte de pedregulho, mas que na verdade faz a travessia sobre o Atlântico, desde a Europa até aqui.
E assim, soltando fumaça e apitando (apitando em alemão, e não piuí piuí), ele chegou.

Eines von 30 Motiven dem Bildkartenbuch, "Eisenbahnen um die Welt"
Der syrische Tell der legendären Hedschasbahn mit Dampflok 260, die 1918 von der Sächsischen Maschinenfabrik R. Hatmann in Chemnitz gebaut wurde


Nunca andei de trem (a não ser o trem urbano em Porto Alegre, mas esse não conta), mas tenho um certo fascínio por trens. O trem tem algo de místico, de misterioso e de bonito. Mais ou menos perto da minha casa passa o trem de carga que vai de Pelotas a Rio Grande. Quando o ouço apitar, ou quando o vejo passar, é quase como se sentisse um ser vivo emitindo uma saudação. Tem um cão que sempre uiva quando ouve apitar o trem da madrugada. O que pensa o cão sobre os apitos?? Quem será esse ser que passa sempre à mesma hora e apitando??



Trains and winter rains...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ouvindo... "Primavera in anticipo"

É impressionante a competência cada vez maior de Laura Pausini em apresentar álbuns envolventes do início ao fim. Se o nome da cantora italiana ficou ligado a canções um pouco melosas e com uma queda para o brega, como os hits "La Solitudine" e "Strani Amore", do início de sua carreira, engana-se quem pensa que ela é só isso . Laura Pausini cresceu e evoluiu, amadureceu como cantora, disco após disco, em todos os sentidos. Quem mantém preconceitos em relação a ela não sabe o que está perdendo...


"Primavera in anticipo", lançado no final do ano passado, consuma os passos dados por Pausini em seus dois álbuns anteriores - "Io canto" e "Resta in ascolto" - em direção a uma sonoridade cada vez mais "pop-rock", ou seja, feita de arranjos baseados em guitarras e bateria potentes, com um pouco de violão, piano e cordas, e raros sintetizadores. (Bem diferente de seus três primeiros trabalhos!) As melodias de seus últimos álbuns também mostram-se ricas e complexas, destoando da monotonia que reina no pop atual. A voz de Laura, que se aproxima da perfeição como intérprete, e letras cada vez mais elaboradas e poéticas, completam um projeto que só pode ser aplaudido.


No Brasil não temos, atualmente, uma cantora como Laura, assumidamente pop e despretensiosa e, ao mesmo tempo, com um trabalho extremamente cuidado e elaborado. As cantoras daqui tendem ou para o escracho e a pobreza de uma música voltada para a massa das micaretas - como Ivete Sangalo e Claudia Leitte, as queridinhas das gravadoras e da mídia - ou para a chatisse de uma postura que se leva a sério demais (sem que isso signifique, necessariamente, qualidade) - como Ana Carolina e Marisa Monte, as queridinhas da crítica. (Ana Carolina, aliás, talvez seja a artista mais supervalorizada dos últimos tempos: suas músicas são pobres, suas letras são puro clichê e sua interpretação é monocórdica, mas todos falam dela como se fosse uma artista de inquestionável talento...)


Não se trata de valorizar mais o que vem de fora, e sim o que merece ser valorizado. Em matéria de música, tenho preferido a estrangeira e a de épocas passadas. A culpa não é minha se meus ouvidos são exigentes e se recusam a gostar das vozes e melodias pasteurizadas das axezeiras...


No vídeo abaixo, o clipe da formidável canção que dá título ao álbum, com participação de James Blunt.



segunda-feira, 1 de junho de 2009

domingo, 31 de maio de 2009

Ave, Gioconda! (Ou A Evolução - Intertextualidade)

By Leonardo Da Vinci, 1503



By Marcel Duchamp, 1919

By Andy Warhol, 1963

By Giovanopoulos, 1989



By Mon Bijou, 1998


By Mauricio de Souza, 19??






By Moi, 2009






Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
By Murilo Mendes, 19??


quinta-feira, 14 de maio de 2009

Diretamente do lixo...

Dedicado à Hazel


Vez ou outra a Hazel mostra lá na Casa Claridade as plantinhas e objetos que ela resgata do lixo, o Sr. Lixus, como ela chama. Desde que comecei a ler o blog dela, passei a estar mais atento em relação às coisas que poderia encontrar como presente do acaso.

Pois ontem, voltava eu de uma ida ao supermercado, quando deparei com uma pilha de bugigangas largadas em uma calçada à espera do caminhão do lixo. Imediatamente, bati o olho em uma cesta de palha que lá estava e para a qual teria uma utilidade muito importante: guardar minhas inúmeras caixas de incenso. Acontece que justamente na hora em que eu passava, uma senhorinha, também conhecedora das surpresas que pode nos fazer o Sr. Lixus, estava a examinar aquelas tralhas. Fiquei com vergonha de travar uma disputa com ela (afinal, ela tinha chegado primeiro!) e segui meu caminho, tendo em mente voltar ali mais tarde e torcendo para que ela não levasse minha desejada cesta. E não levou mesmo! Dei a volta na quadra e, quando cheguei novamente ao local, lá estava a cestinha toda sorridente me esperando.

E aí está ela, posando para foto, orgulhosa da mistura de perfumes que agora exala por guardar meus preciosos incensos! Dá até vontade de enchê-la de caixinhas novas e sair com ela a vender incensos nas ruas, como um hare krishna...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Pour moi (ou Incorporando)

Ando sem vontade de escrever aqui. Aliás, sem vontade de quase nada. Já é outono, o inverno quer se anunciar. Não deveríamos também hibernar? Algum de meus genes diz que sim.
Hoje eu só queria incorporar ao blog este clipe da Enya, que é tão singelo e cuja canção é simplesmente tocante. O clipe me passa a idéia de alguém estagnado, que assiste à passagem do tempo sem saber o que fazer com ela, sem reação mas sem desespero, contemplativamente. Mas procurei, procurei, e só achei essa versão remix do clipe. (Eu adoro a parte da música que é assim um "nãrararê, nãrare, nirurarare...")




O blog é como um corpo. Um corpo que vai incorporando (em que vou incorporando) coisas. Ele é mais para mim do que para outrem.
Ninguém vai entrar aqui e assistir ao clipe da Enya. O clipe está aí para mim. Assim como os contadores de visitas, os "blogs que leio", onde vejo os que foram atualizados e que posso espiar, e até o layout. É um corpo virtual, com coisas qui me plaisent. E agora me agradaria hibernar um pouco, donc... Who can say where the road goes where the day flows Only time And who can say if your love grows as your heart chose Only time Who can say why ...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O fim do mundo já passou

Os milenaristas do final do século passado tinham razão. Confirmou-se sua tese de que o mundo acabaria na passagem de um milênio para o outro. Talvez muitos nem tenham percebido, mas aquele mundo terminou mesmo. Não desapareceu de uma só vez, mas findou-se aos poucos.

Lá por 95 as coisas começaram a dissolver-se, esfumaçar-se. O mundo foi sendo povoado por presenças ausentes e ausências presentes, vozes onipresentes, olhos oniscientes, corpos fantasmagóricos e fantasmas corporeificados, textos sem autor e autores sem texto.
Em 97 o fim era iminente. E em 98 o Fim começou a exterminar o que havia. Em 2001 tudo estava consumado.




Eu devia ter morrido em 97

Tenho quase certeza que eu não sou daqui.

.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mais homo do que sapiens


De Portugal, Hazel oferece-me um selo em troca da resposta a uma pergunta:

"O que significa para si ser um Homo sapiens?"

Respondo: Ora, significa que, se somos homo, não somos hétero! (O sapiens é pura falta de modéstia. Mais sapiens do que nós são as lombrigas!)


O selo deve ser repassado a outros 7 blogs, que cito a seguir (e que devem fazer um post como este para ter direito ao selo):







quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cores de Taiwan (ou Coincidência)

Recebi hoje 2 postais vindos de Taiwan. Os dois tiveram o mesmo tempo de viagem, 11 dias. E ambos trazem fotos com belas combinações cromáticas de azul e amarelo.

Este mostra o "Danshuet Fisherman's Wharf", em Taipei. Amanhã coloco a imagem do outro, que mostra uma montanha chamada Jade Mountain.


terça-feira, 14 de abril de 2009

Sons de Planeta 2 - Compartilhando



Essa foto aí em cima é a capa do primeiro CD que eu comprei, mais de 13 anos atrás. Com exatidão: em dezembro de 1995. "Sons de Planeta 2 - O melhor da new age & world music" veio encartado na revista Planeta daquele mês e traz, como o subtítulo diz, uma coletânea de música new age e world music.

Muito viajei com, nas a e através das músicas desse álbum. Para o adolescente de 15 anos que eu era, essas músicas abriam portais para mundos desconhecidos. Eram a trilha sonora perfeita para minhas noites de leitura solitária ou de contemplação das estrelas pela janela do meu quarto.

O álbum começa com um canto neo-gregoriano, com sinos misteriosos. Em seguida vêm as 7 cores do arco-íris, com trovão, som de chuva e sintetizadores deliciosos que me transportavam imediatamente para um dia de chuva e sol. Depois vinham as cítaras que me levavam à Índia, sucedidas pelos grilos e sapos que me chamavam ao Pantanal. Surgia então uma canção numa língua que nunca identifiquei e da qual só compreedo uma frase . Depois entrava em uma manhã de domingo que antecipava a levitação embalada por um violão poderoso, sucedido por uma outra língua misteriosa em deliciosa voz e com deliciosos tambores. Logo após, restava a calmaria quase monótona do lago e o grande final que misturava o gregoriano aos os tambores africanos.

Tomei gosto por essa música diferente, que mistura velho e novo e acredita em portais e em outros mundos. Depois a mesma revista lançou a coleção "Planeta Nova Era" que trazia sempre uma coletânea como essa, que compartilho hoje com quem quiser experimentá-la.



Sons de Planeta 2 - O melhor da new age e world music



1. Graduale (Corciolli)

2. The 7 colors of the rainbow (Mannheim Steamroller)

3. Asas da Luz (Luz da Ásia)

4. Noite (Marcus Viana)

5. Tanto quer Santa Maria (Freiburger Spielleyt)

6. Sunday morning breeze (Chip Davis)

7. Levitation (Peter Ratzenbeck)

8. Modé Ani (Fortuna)

9. Lago (Ed Ribeiro Lima & Cia)

10. Agnus Dei (Religare).



Download: Parte 1 e Parte 2


segunda-feira, 6 de abril de 2009

Morte anfíbia

Hoje quando acordei senti um desconforto na garganta. Como se houvesse algo intalado lá dentro. E realmente havia. Quando abri a boca, lá de dentro saltou um sapo. Um sapo gordo, verde e gosmento. Um nojento e repulsivo sapo. Como ele foi parar lá dentro não sei. Só sei que quase vomitei, pois sempre tive asco e até medo desses animais feiosos. Ele saltou, caiu no chão e olhou ao redor. Olhou para mim, e olhei para ele. Foi então que notei que havia algo amarrado às costas do sapo. Um papel amarelado e dobrado. Intrigado, aproximei-me do sapo para tentar pegar o papel e descobrir do que se tratava. Seria uma carta, um bilhete, talvez um prêmio de loteria?
Mas foi em vão. Ao perceber minha aproximação, o sapo saltou para longe, assustado. Foi pulando em direção à janela e escapou. Corri para a janela. Não avistei mais o anfíbio. Ia já desistindo de saber o que haveria no papel, quando o enxergo no chão da calçada. Ao passar pela grade de proteção da jenela, o papel devia ter se enroscado e se desprendido do corpo do bicho. Corri lá para fora, peguei o papel e o desdobrei. Era uma folha de caderno grande. E nela estava desenhado a caneta um mapa. Um mapa de meu bairro! Reconheci os nomes das ruas e vi assinalado com uma cruz em vermelho o local correspondente à minha casa. Além disso, havia outro local assinalado com uma cruz e a palavra "paraíso". Eu não tinha certeza, mas parecia-me que esse outro lugar marcado correspondia a um grande terreno desocupado, onde há campo e alguns remanecentes de mato.
Depois de tomar apressadamente meu café da manhã, resolvi ir verificar se minha impressão era verdadeira. Tomei o mapa e segui a orientação pelos nomes das ruas ali indicadas. Foi fácil chegar ao local indicado como "paraíso". Era realmente onde eu pensava, não muito longe de minha casa.
Fui entrando naquele terreno com uma leve sensação de que algo de diferente aconteceria. Há uma estradinha que desemboca na rua e que leva ao campo. No fim da estradinha, há um pequeno riacho que é preciso atravessar para continuar o caminho. Algumas pedras servem de ponte para essa travessia. Quando pisei na segunda pedra, desequilibrei-me, caí e bati violentamente a cabeça em outa pedra. O choque foi tão grande que fiquei desacordado, com a cabeça submersa sob 30 centímetros de água daquele ridículo riacho. Morri afogado e quase sem dor. Morri sem saber os porquês daquele sapo em minha garganta, daquele mapa naquele sapo e daquele "paraíso" escrito no mapa.
Mas como, então - se perguntará o leitor que tiver chegado até esse ponto da narração - como então ele pode estar narrando essa história, se morreu antes que pudesse contá-la? Esse mistério é de fácil solução. Acontece que, antes de sair de casa, tive um pressentimento de que algo de fatal se passaria comigo nessa minha saída. Prevenido que sou e para que os motivos de estar nesse lugar na hora de minha morte fossem conhecidos de todos, escrevi de antemão minha bizarra sina que o leitor acaba de acompanhar.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Fora do tempo

Até agora há pouco (são 17h51min) eu jurava que hoje era feriado. Achei que fosse hoje Sexta-Feira Santa. Ontem fiz compras no supermercado pensando no feriadão. Bem que achei estranho que o vizinho da frente, que tem uma eletrônica de conserto de televisores, estivesse trabalhando em pleno feriado. Quando olhei o calendário descobri que o feriado é só semana que vem. Surreal, não? Ando numa misantropia tamanha que só vejo a passagem do tempo pela programação da TV. (Lembrei do Homer Simpson perguntando-se como saberia em que hora do dia ele está sem a televisão).
Ontem quase postei um texto falando de Quinta-Feira Santa, inspirado pelo filme do Cazuza que passou na TV e me lembrou de Jesus, fazendo-me pensar em vida e morte. A preguiça impediu-me. Como semana que vem não haverá Cazuza na TV, esse texto está cancelado...
Mas então domingo nem é Páscoa!!! E eu que já comi os chocolates todos!!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Dois gatinhos e uma pintura

No meu perfil do postcrossing (site do qual já falei aqui), entre minhas preferências de tipos de postais coloquei gatos e e obras de arte, além de várias outras. Hoje recebi dois postais. Um foi este, vindo da Finlândia, com estes amáveis bichanos.


E o outro, enviado por uma finlandesa que mora na Suécia, traz uma pintura de uma artista do país natal da remetente, chamada Saija Hairo. O quadro chama-se "Raskasta ja kevää", que significa "Pesada e só", segundo o Google Tradutor. Gostei imenso destas cores e da combinação entre elas (o cartão-postal tem exatamente este tamanho):

Cada vez mais, simpatizo com esse lugar chamado Suomi, que de tempos em tempos me manda coisas simples e belas em papel cartão.

Fazia tempo que eu não mostrava postais recebidos. Os Correios brasileiros estão lentíssimos desde o final do ano passado. Por causa disso, os postais enviados daqui demoram meses para chegar a outros países e, por conseguinte, tenho recebido postais com muito menos freqüência.

terça-feira, 24 de março de 2009

A cidade do mofo

Naquele quarto tem uma caixa cheia de papéis cujo cheiro de mofo me faz espirrar quando neles mexo. A prova nota dez em Sintaxe da qual nada mais lembro. O registro da perda de tempo em diagramas arbóreos, acusativas declinações latinas que para nada empregarei, os ensaios literários ingênuos e arbitrários (para não dizer óbvios), masculino e feminino em Um copo de cólera, a visão do indígena em Caramuru. Tudo cheira a mofo.
Em Pelotas tudo mofa. Os papéis, as casas, e eu.

terça-feira, 17 de março de 2009

Clodovil, morte sentida

De tantas mortes choradas coletivamente, a do Clodovil é especialmente significativa.
Foi-se um ícone do século passado que permaneceu até nossos dias. Ícone da contradição, da controvésia, e, sobretudo, da sensibilidade. Clodovil era a sensibilidade ao extremo, a sensibilidade sem limites, a sensibilidade que a tudo domina. Homem mais feminino do que muita mulher e com mais hombridade que muito machão.
Foi-se mas fica, impregnado que estará no inconsciente coletivo do povo. Foi-se, espantosamente, no dia do aniversário de Elis Regina, cantora de cuja amizade ele tanto se orgulhava e de quem tão freqüentemente falava. Assume, ao lado dela, seu posto na eternidade de nosso imaginário.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Fecharam a comunidade "Discografias"


A comunidade do orkut chamada Discografias (aquela da simpática foto do gato na estante de discos), que tinha quase 1 milhão de membros e era usada para o compartilhamento de links para o download de música, foi finalmente fechada, por pressão da APCM, a associação que diz lutar contra a pirataria. Os donos da comunidade resolveram extingui-la após terem sofrido ameaças dessa entidade.

Eu já tinha postado alguma coisa a respeito dessa caça às bruxas AQUI. Por um lado, é lamentável pelo significado que isso tem: existe gente lutando de modo repressor e retrógrado contra a difusão da cultura. Mas, na prática, o saldo será positivo. Serviu para fazer muita gente acordar a respeito dessa guerra que vem sendo travada. Há uma revolução em curso e há forças tentando detê-la. Mas não conseguirão. Fecharam uma "Discografias", mas já há várias outras abertas. E ainda fizeram triplicar em dois dias o número de membros da comunidade "Eu odeio a APCM" (da qual eu já participava há tempos).

As instituições que pretendem combater a pirataria mostraram mais uma vez o quanto são burras. Não consigo perceber de que modo a extinção de uma comunidade pode contribuir para diminuir a pirataria. Pelo contrário: quem faz download de músicas não precisa comprar CDs pirata. Quem compra CDs originais tem o direito de compartilhá-los com quem quiser, emprestando o CD ou disponibilizando-o em sites de download. Sem falar que muita coisa que é compartilhada simplesmente não existe em lojas de CDs! Discos antigos, LPs nunca lançados em compact disc, álbuns não vendidos em nosso país ou comercializados em pequenas tiragens... E que, pelo fenômeno do compartilhamento, tornam-se miraculosamente acessíveis. É uma ignorância indizível pretender acabar com tudo isso para garantir o próprio lucro. Se as gravadoras querem sobreviver, é melhor encontrarem métodos mais inteligentes e menos levianos para se adapatarem aos novos tempos. Pois até agora o que elas têm feito é cavar a própria cova.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Memória olfativa

No supermercado, na hora de passar no caixa, a moça comia daquelas pipocas prontas, aquelas pipocas doces, de pacotinho vermelho.
(No supermercado perto de casa a moça sempre come alguma coisa enquanto trabalha. E os funcionários usam as geladeiras dos refrigerantes e cervejas para guardar seus lanches. Às vezes você abre o refrigerador e lá está um pratinho de plástico com um pedaço de bolo, ou um sanduíche mordido.)
Mas nesse dia a moça comia daquelas pipocas, que nunca descobri como são feitas. (Ingredientes: milho canjicado e açúcar) Pipoca mesmo não é. A textura parece de isopor, o gosto é simplesmente doce e o cheiro...
O cheiro me levou subitamente a alguma tarde perdida da década de 80, nuvens escurecendo o céu, tarde molhada, chuva e sala de aula cheia de guarda-chuvas pingando, botas de borracha e recreio com brinquedos sem pátio. E no barzinho da escola sempre tinha aquelas guloseimas, aquelas pipocas falsas que espalhavam seu cheiro doce pela sala.
No dia seguinte comprei por impulso um pacotinho daqueles pra mim. O gosto, a textura e o cheiro são imutáveis. (A Pipoca Beija Flor é lider absoluta de mercado. CROCANTE E DOCINHA, ela é produzida a partir da seleção das melhores matérias primas existentes no Brasil. Não tem gordura, colesterol ou conservantes. Afinal, é produzida especialmente para quem cuida da saúde e do corpo. Tem baixo teor de calorias, sem abrir mão de ser SABOROSA.) A diferença é que agora ela tem seu próprio site.

sábado, 7 de março de 2009

Angel-A

Loquei o filme, em primeiro lugar, por ser francês e, em segundo, por ter como protagonista o simpático ator Jamel Debbouze, que eu conhecia de Amélie Poulan e da série Taxi. Angel-A (2007) tem uma bela fotografia em preto e branco e algumas metáforas interessantes.

André pretendia se matar por causa de uma série de dívidas que não tinha como pagar. No momento em que vai pular de uma ponte, ele conhece Angela, que lá estava com a mesma intenção que ele. Ela pula primeiro e ele salva sua vida. Então ela resolve ficar com ele para ajudá-lo a resolver seus problemas, o que ela faz através de métodos inesperados: obtém o perdão de dívidas ou dinheiro para pagá-las por meio da violência e da prostituição. Tais métodos revelam-se ainda mais surpreendentes quando ela revela ao amigo que ela é um... anjo. "E por que o céu enviaria uma puta de 1m80?" É a pergunta que André faz a Angela. A enviada do céu mostra-se sintonizada com nossa época e consciente de que os fins justificam os meios.

Mas o bom do filme é que os fins não se restringem à solução dos problemas materiais de André. Sem que ele perceba, Angela o guia em uma jornada de auto-descoberta. Angela é o próprio André, ou o que ele gostaria de ser, ou o que ele deveria ser. "Sou uma puta loira de 1m80?" - pergunta ele novamente. O tímido, temeroso e subserviente baixinho tem oculta dentro de si uma determinada e corajosa femme fatale.

Na última cena, André está com Angela diante de um espelho e ela o orienta a declarar amor a si mesmo. Com certa dificuldade, ele o faz. É quando Angela desparece. Mas ele continua dizendo à sua imagem: "eu te amo." Agora ele sabe que Angela vive dentro dele.

quarta-feira, 4 de março de 2009

6

Por que seis? Não sei.
O meme que a Janaína me passou consiste em "Escreva 6 coisas aleatórias sobre você". Achei gozado o "aleatória". (Tinha lido na Revista da Semana que no Facebook havia uma onda de gente escrevendo textos chamados "25 coisas sobre mim". Ainda bem que não uso Facebook e que aqui são só 6...).
1.
Nunca trabalhei oficialmente. E não tenho a menor necessidade de "realização profissional". Acho até idiota essa idéia de "realização profissional". Quem inventou isso? Parece idéia importada dos USA. Essa coisa de "para ser feliz preciso trabalhar e me sentir útil e realizado profissionalmente". Rio-me por dentro quando alguém diz isso. Eu gosto é de ócio, de rien faire, de não-horário. Trabalho pra mim é só por necessidade de dinheiro. Se não precisasse, nunca trabalharia. (Deixem que os que precisam de realização profissional trabalhem...)
2.
Tenho hipertensão com 28 anos, 1m87 e 76 kg. 50 mg de propanolol diariamente, ou a pressão vai a 18x11 e sinto-me morrendo.
3.
Participo de discussões sobre temas os mais variados no orkut. A novela das 8, os índices de audiência da TV aberta, o álbum mais recente da Madonna, a nova turnê da Britney, os pronuncionamentos de Bento XVI, os ensinamentos do Mestre Ascenso Saint Germain e os contos esquecidos de Caio Fernando Abreu. Tenho um prazer enorme em debater por escrito e a distância, e horror a fazê-lo oral e pessoalmente.
4.
Vivo recomprando livros que já tive e perdi. Alguns jamais lerei mas quero (re)tê-los, como quem se agarra a pieces of me. Os livros esotéricos dos anos 90, as revistinhas pré-internet. O "Anjos - Tudo que você queria saber", por Mirna Grzich e Biba Arruda, em 20 fascículos semanais acompanhados de fitas K7, que vai chegar semana que vem, direto de um sebo de João Pessoa.
5.
Sei cozinhar e cozinho bem. Mas não gosto de. Faço por obrigação e necessidade. Cortar cebola dá cheiro ruim na mão.
6.
Já fui em show de Sandy e Junior. 2001, Curitiba, no Jóquei Clube, 40 mil pessoas, chovendo, eu e meu amigo Robson, que hoje é Frei Robson OCD.


Vou repassar não. A Janaína que me perdoe, mas ela que me ensinou essa tática excelente: quem quiser fazer esse meme em seu blog, facebook, orkut ou sei-lá-o-que, fique à vontade! Mas é só para os seis primeiros!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A escola do Manoel Carlos e a escola da Glória Perez

Em duas das telenovelas exibidas atualmente na Globo há tramas paralelas que se passam em escolas: "Mulheres apaixonadas", do autor Manoel Carlos, em reprise no horário vespertino, e "Caminho das Índias", da autora Glória Perez, que estreou há cerca de um mês às 21 horas. É curioso notar a grande discrepância existente entre as duas: são dois retratos absolutamente distintos a respeito do ambiente escolar.

A escola de Manoel Carlos é o local de trabalho dos sonhos de qualquer professor: um rico colégio particular com toda a estrutura necessária, uma diretora compreensiva e dedicada e pais de alunos que comparecem sempre que necessário a qualquer chamado da instituição. Mas o que mais chama a atenção é comportamento dos estudantes, invariavelmente interessados e envolvidos com as aulas e respeitosos para com colegas e educadores, a cujos conselhos chegam a recorrer para solucionar problemas de ordem pessoal. A escola de Manoel Carlos é a escola ideal, que só existe no mundo fictício desse autor e no sonho dos docentes.

Já a escola de Glória Perez é mais parecida com o local de trabalho da grande maioria dos profissionais da educação. Embora não se trate de uma instituição pública e, portanto, seja uma escola com a necessária (e ausente da maioria das escolas) infra-estrutura, há graves problemas aqui. A maioria dos alunos apresenta um comportamente incompatível com o ambiente de estudo. E essa incompatibilidade não advém de conversinhas ou da agitação típica dos adolescentes. O buraco é mais embaixo. O problema está na total indiferença desses jovens para com valores como "educação", "respeito", "civilidade" e "coleguismo". São conceitos inexistentes na mentalidade deles, uma vez que a criação que receberam de seus pais não os incluiu. É uma geração totalmente direcionada para o sucesso individual e material, sucesso que não necessariamente resulta do estudo e da abnegação pessoal, uma vez que há caminhos mais fáceis para consegui-lo. Para que serve a escola então? E os professores, por que ouvi-los e respeitá-los, se o fato de se encontrarem nessa profissão revela unicamente que são fracassados?

O que é realmente terrível na novela é o fato de que os pais do aluno que encarna todos os sintomas da enfermidade social acima descrita posicionam-se sempre favoráveis ao filho e contra a escola e os educadores. Para eles, a culpa é dos professores, que são despreparados, incompetentes e cerceadores da liberdade dos jovens.

Esse comportamento dos pais do Zeca parecia-me um tanto inverossímel. Mas mudei de idéia após ler no blog de Glória Perez uma discussão que se instaurou sob forma de comentários a um post nos quais pais indignados com a autora por estar "demonizando os alunos e santificando os professores" despejam toda a sua revolta contra ela. Exatamente como fazem os pais do Zeca na novela em relação às professoras. Qualquer semelhança não é mera coincidência... Não é à toa que a procura por cursos de licenciatura diminui a cada ano e a crise no sistema educacional só se agrava. Só sendo louco para se aventurar a entrar no verdadeiro caldeirão em que se transformou o ensino: a escola reproduz de modo dramático todos os conflitos e contradições da sociedade, e, por isso, está a explodir.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

As bergamoteiras gêmeas

Ontem à tarde assisti na TV Escola a dois documentários sobre árvores. O primeiro falava dos carvalhos e tudo que diz respeito a essa espécie. O segundo era um belo filme francês, com imagens e texto primorosos, verdadeira obra contemplativa sobre a transcendência do ser árvore. Os vídeos fizeram-me recordar de árvores marcantes em minha vida.
Érico Veríssimo conta em "Solo de clarineta" que uma ameixeira branca (uma árvore de nêspera) foi uma companheira e um refúgio para ele em sua infância. Também tive uma árvore amiga. Na verdade, duas. Atrás de minha casa havia duas bergamoteiras, uma ao lado da outra. Eram bergamoteiras grandes e altas, que, mesmo sendo frutíferas, nunca eram podadas. Então cresceram à vontade e expandiram seus galhos até chegar a uma fusão entre si. Não se sabia onde começava uma e onde terminava outra. Em minha visão infantil, era uma árvore só com dois troncos. Essa idéia era reforçada pela "ponte" que se estabeleceu entre elas quando uma trave de madeira foi nelas apoiada por meu pai para ali instalar um balanço que muito divertiu a mim, a meus irmãos e vizinhos enquanto durou.
Quando as árvores ficavam carregadas de frutas, fazia-se festa em torno e em cima delas. Eram bergamotas graúdas e suculentas em abundância. Nas outras épocas do ano, as árvores ficavam mais solitárias. Só eu lembrava delas. Gostava de subir nelas e estabelecer lá no alto meu esconderijo. Havia um passo-a-passo para subir; cada pé devia ser colocado em seu devido galho. Lá de cima eu enxergava longe e não era visto por ninguém. Era justamente isso que me atraía lá para cima.
Há alguns anos as bergamoteiras morreram. Foram atingidas por alguma praga que lentamente as enfraqueceu até que elas se transformaram em esqueletos e foram, finalmente, derrubadas. E morreram juntas. Uma não poderia viver sem a outra, de tanto que se acostumaram a ser vistas como uma só.
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Do Oráculo Celta das Árvores em Planeta na Web


Passado
Abrunheiro
Força na adversidade
Você enfrentou um tempo difícil, mas preparou-se e juntou as ferramentas necessárias ao trabalho que precisava fazer. Essa preparação, se não evitou totalmente a dificuldade, certamente ajudou a lidar com elas. Foi necessário lembrar que tem a força que precisa para sobreviver e triunfar, e isso o ajudou a aproveitar a paz que veio depois da tarefa concluída.
O Abrunheiro tem uma madeira pesada e forte, longos espinhos e frutas pequenas e comestíveis. Simboliza a adversidade e a habilidade de ser forte e superá-la.

Cor: Roxo
Animais: Lobo, sapo, gato preto
Pássaro: Rouxinol


Presente
Bétula (Vidoeiro)
Um novo começo
Um novo começo vai mudar a situação dramaticamente. Muitas coisas serão diferentes, e seria sábio antecipar esse processo. Resolver velhos problemas o capacitará a realmente começar de novo.
A Bétula simboliza os recomeços. Como uma proteção e portão para o Outro Mundo, também indica boa sorte. Há algum risco de precipitação: a sorte pode compensar, mas preparação é benéfica.

Cor: Branco
Animal: Vaca
Pássaro: Faisão

Futuro
Macieira
Beleza e eternidade
Há beleza, vigor, e amor na sua vida, ainda que seja difícil de ver. É preciso focar no aspecto positivo, principalmente quando estiver enfrentando dificuldades - e ainda mais durante os bons tempos! Cuidado para não espalhar sua energia. Ainda que muitas opções pareçam boas, às vezes temos que escolher entre elas.
Avalon, a Ilha das Maçãs, é um lugar de cura na lenda do rei Artur. A maçã simboliza a beleza, o amor, a eterna juventude e vitalidade

Cor: Maçã verde
Animal: Unicórnio
Pássaro: Galinha

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Fácil viagem a outros planetas

O Blog MY WEBDINGS repassou-me um curioso e criativo meme, chamado "Fácil viagem a outros planetas" e que consiste no seguinte:


1.
Acesse a página inicial do Blogger.
2. Localize, no lado direito da tela, o lugar onde ficam aparecendo os nomes dos últimos blogs atualizados.
3. Clique em 5 dos blogs que aparecerem ali, deixe um comentário nesses blogs e torne-se seu seguidor.
4. Mostre em seu blog o título com o link dos blogs em que você comentou e faça um pequeno comentário sobre cada um deles.
Dicas: para cair em blogs interessantes e fugir de blogs de propagandas, vendas ou donwloads, evite os que têm por nome simplesmente "Blog", ou alguma sigla parecida com "TDA", ou com números, ou com nomes do estilo "Mobile Phone" ou ainda tendo a palavra "Download".
5. Repasse o meme para três blogs que você aprecie.


E vamos lá então...


O primeiro blog em que cliquei chama-se Marian e foi criado esse mês, tem apenas 10 posts e é escrito em inglês. A autora chama-se Petra. O post em que comentei é um belo texto de recordações sobre a infância e sobre a melhor amiga da autora, que ela reencontrou depois de muitos anos.


O segundo chama-se Frugal Aspirations, escrito também em inglês e criado também esse mês. A autora, "RedFoxLox", define-se como uma cristã muito abençoada, mãe de 2 crianças maravilhosas e celebrando 22 anos de casamento. Ela adora aprender coisas novas e, quando se interessa por algo, ela estuda e pesquisa até saber tudo sobre aquilo. E ela gosta de encontrar novos e velhos caminhos para levar um estilo simples de vida. O post mais recente fala sobre economia de água como modo de poupar dinehiro e preservar a natureza. É ilustrado com uma imagem de uma cachoeira ao lado de uma citação bíblica: "Se alguém tiver sede, venha a mim e beba."


Depois caí num blog
que existe desde 2005, mas que ficou abandonado entre 2007 e 2009 e foi retomado agora. Embora o nome do blog seja Quid Retribuam (Meritum Pertinacia Fortitudo et Fidelitas), o texto é também em inglês. O post fala sobre questões eclesiásticas, Hipólito, o anti-papa, e Bento XVI e as recentes desexcomunhões. Valha-nos Deus, o que comentar sobre isso? It's very interesting...


Por incrível que pareça, o blog seguinte em que caí chama-se Jesus is Your Savior! Sim, um blog evangelístico... Diz ele (tradução minha): Um dos maiores obstáculos ao nosso senso de paz, como cristãos, é o hábito de dividir nossas vidas em duas áreas, a vida cristã e a mundana. Alguns cristãos, realmente, parece que têm um pé no mundo e um no mundo espiritual! Esses mundos realmente existem para além de si e são moralmente e espiritualmente incompatíveis. E, como somos obrigados pelas necessidades da vida diária a estar sempre transitando entre uma e outra, a nossa vida interior tem uma tendência a romper-se, de modo a que estamos vivendo uma vida dividida em vez de uma única vida. O problema pode vir do fato de que os cristãos realmente habitam dois mundos de uma só vez - o espiritual e o natural. Na verdade, como descendentes de Adão, estamos a viver a nossa vida na terra sujeita às limitações da nossa carne e os pontos fracos que a imperfeita natureza humana é propensa. Viver neste mundo imperfeito provoca-nos a dirigir a nossa atenção para as coisas deste mundo!
Mas o mais legal do blog é o post "100 pecados que você deve confessar a Deus", muito instrutivo.


Finalizando essa viagem
nem tão fácil a outros planetas, caí no blog de alguém que, em inglês, lamenta o fim de um romance. Possivelmente uma adolescente "emo", como dizem na MTV...


Confesso que não deixei comentários em todos esses blogs que visitei, porque tive preguiça de escrever em inglês. (Se bem que eu podia ter escrito em português mesmo, o meme não dizia que os comentários deveriam ser feitos na língua dos blogs visitados... Mas agora já foi.)


Repasso o meme aos seguintes blogs, todos ótimos:

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Madonna e Jesus

Estas fotos da Madonna com o Jesus Luz no Rio de Janeiro (ensaio para a revista W) certamente já estão em todos cantos da internet, mas eu também quero tê-las aqui. Nada mais profano (ou sagrado? ou entre o sagrado e o profano?) do que... Madonna e Jesus, com todos os significados implícitos nesses nomes e nestas fotografias.














segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Jesus usaria Botox?

Quem assiste à TV Globo pela antena parabólica certamente já viu (e provavelmente se irritou com) as freqüentissíssimas propagandas da coleção de CDs do "maravilhoso, poético e encantador Padre Fábio de Melo". A Veja dessa semana traz uma matéria sobre ele e outros "artistas" religiosos (é só clicar AQUI para lê-la). Matéria que, sem querer, explica muita coisa: o tal padre é o novo grande produto da indústria fonográfica brasileira. Um "artista" cuidadosamente construído, planejado e embalado para presente. Exatamente como aquela outra cantora, a Claudia Leitte.
Dentro da matéria da revista há uma indagação de um "estudioso" - estudioso de quê? a revista não diz... - muitíssimo interessante:
Um padre com imagem sexualizada é algo espantoso. O que virá a seguir?
Mas para mim há algo ainda mais espantoso: é o tipo de "imagem sexualizada" que esse padre representa. Não se trata de uma sexualidade transgressora, de rebeldia contra normas hierárquicas ou quebra de tabus. Pelo contrário. É uma imagem que canoniza os símbolos da superficialidade contemporânea, da sedução que tem como recursos os artefatos só proporcionados pelo dinheiro, sejam as picadas de Botox, o relógio Diesel (eu nem sabia que tal marca existia, pra mim Diesel era só nome de combustível até ler a matéria), ou as roupas de grife. Em suma, uma sexualidade que se baseia no fetiche da ostentação, logo, lucrativa e em plena consonância com o sistema.
Diz a Veja que o reverendo é mestre em antropologia teológica. Fiquei curioso para ler algum de seus livros e descobrir que tipo de discurso ele utiliza para compatibilizar sua imagem com a imagem nada glamurosa apresentada pelo Jesus dos evangelhos, aquele profeta errante, maltrapilho, declaradamente pobre e de fala por vezes agressiva.
Fica a irresistível pergunta:
Se Jesus vivesse atualmente, ele usaria Botox?

sábado, 31 de janeiro de 2009

Um ano depois

Um ano atrás eu era um dependente enfrentando a terrível privação de nicotina.
Hoje não agüento cheiro de cigarro e tenho crises de espirros quando um fumante passa perto de mim. Vez ou outra, principalmente se tomo cerveja, sinto uma leve sensação de que falta algo, um cigarrinho... Mas é uma sensação tão vaga que mal chego a me dar conta de sua existência. Engordei uns 5 quilos, o que pra mim foi uma conquista, pois, com 1m87, eu pesava, antes, 70 quilos. Descobri que sou hipertenso e que, por isso, fumar me colocava em um risco ainda maior.
Conclusão: parar só me trouxe coisas boas. (Algo que todo mundo sabe, mas que só passa a ter sentido de verdade quando se sente no próprio corpo.)
Segundo o http://www.pareagora.com.br/ :

Faz 11 meses, 30 dias, 21 horas, 30 minutos e 12 segundos que você parou de fumar.
Você economizou R$686,06 não fumando 5488 cigarros.
Mas o mais importante é que você salvou 1 mês, 6 dias, 22 horas e 13 minutos de sua vida.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Pecaminoso

A convite da Hazel, dona da Casa Claridade, respondo este meme, que consiste em confessar-se levando em consideração cada um dos ditos "pecados capitais".


Minha GULA é por doces e cerveja (sim, beber em demasia também inclui-se nesse pecado).
Minha AVAREZA anda junto com a PREGUIÇA: não gosto de gastar muito com roupas, calçados e coisas do gênero, e faço qualquer coisa para não ter que andar por lojas escolhendo essas coisas tão... supérfluas.
INVEJO quem não tem preocupações, principalmente no âmbito material.
Fico IRADO quando percebo injustiças, sejam em relação a mim ou a outras pessoas.
Acho que é uma forma de SOBERBA não gostar de ouvir conselhos.
Em LUXÚRIA nunca peco, pois considero que só há pecado quando há culpa, e culpa nesse setor não guardo nenhuma.
Tenho PREGUIÇA de responder memes, por isso demorei tanto a responder este. Brinco. Tenho preguiça de tudo que não é prazeroso.
Ainda bem que não existe pecado abaixo da linha do Equador.


Convidarei a também fazerem suas confissões virtuais os donos dos blogs abaixo listados:

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O bilhete (ou O Anjo que registra)

Há algumas semanas, andando por um lugar ermo de Pelotas, encontrei no chão uma folha de caderno pequeno, dobrada em 6 partes. Peguei-a do chão e descobri um bilhete. Guardei-o. Um bilhete não pode ficar ao léo. A Catia não deveria tê-lo deixado assim, ao alcance de um profanador de intimidades. O bilhete agora está sob minha posse e aqui ficará registrado, enquanto o blogger existir.
Em uma letra miúda (provavelmente de homem), indecisa entre cursiva e de imprensa, escrita com Bic azul, no centro da folha, o texto, cuja diagramação reproduzo tanto quanto possível:

Catia
Espero que ao chegar
Em casa voces estejam
todos muito
Bem.
Porque que eu estou
Bem e vou chegar
aí melhor ainda.
Beijao Amo Voces
Ass
Ilegível
Responda o que se pede:
1. Quem será ele, o autor?
2. Qual será sua relação com Catia? E quem serão os outros "vocês"?
3. Onde estaria ele ao escrever? E onde estaria ela?
4. E como o bilhete chegou às mãos de Catia? (Ou não chegou?)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Até logo, Pantanal!


Terminou há pouco o último capítulo de mais uma (a terceira) reprise da novela Pantanal, da extinta Rede Manchete, dessa vez exibida pelo SBT. Fazia um tempinho que eu não acompanhava uma novela assim, de cabo a rabo e com entusiasmo. Vou ter saudades de Pantanal, confesso. Saudades do Zé Leôncio, da Juma, da Maria Bruaca, da Filó, da Muda, da Irma, do Tadeu, do Alcides, do Véio do Rio... Eu gosto de novela. Novela é diegese pura (seja lá o que isso signifique). Pena que as atuais sejam tão ruins. (Espero que a da Glória Perez, que começa segunda-feira que vem, valha à pena.)

Pantanal conquistou-me, antes de tudo, por ser de outra época. 1990 é outra época, é passado distante, e deu pra ver isso claramente assistindo à novela: os cabelos, as falas, até a publicidade dentro da novela denunciavam a época a todo instante. Mas conquistou também por ser uma boa história, com belos cenários, bela trilha sonora e bela direção. Não é à toa que foi bem no ibope, mais uma vez. Soube que o último capítulo teve excelente audiência, mesmo concorrendo com a estréia de mais um Big Brother. O que não deixa de ter um forte valor simbólico. A novela de 18 anos atrás concorrendo com o programa que pretende ser o signo da atualidade.

Se a novela começasse a ser exibida de novo amanhã, eu veria novamente. Com certeza ainda será reprisada daqui a alguns anos. Por isso... até logo, Pantanal!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Descarga

Eu às vezes ando por aí criando textos, que vão ficando na minha cabeça enquanto tenho preguiça de digitá-los. Então de repente sento-me e simplesmente descarrego-os no teclado. Teria mais uns 3 para hoje. Mas ficarão para a próxima descarga, se nenhum arquivo se corromper... ou já estariam todos corrompidos por natureza?

Ecologicamente enganoso

A nova moda que chegou aos supermercados por aqui é a de incentivar os clientes a trocarem as sacolas plásticas por uma "sacola ecológica", de tecido, para levar as compras para casa. Parece-me que os únicos beneficiados com isso são os próprios supermercados. Vou dizer por quê.
Os supermercados já começam lucrando: as tais sacolas de tecido são vendidas por eles e não oferecidas como brinde ao cliente. Além disso, eles aumentariam seus lucros não precisando mais oferecer sacolas plásticas ao cliente.
O cliente, como vimos, já começa tendo que comprar a sacola de tecido. E continua tendo mais prejuízo depois. Ora, todas as pessoas que conheço utilizam as sacolas plásticas dos supermercados para embalar o lixo doméstico e descartá-lo. Sem as sacolas plásticas, será necessário substituí-las por sacos de lixo... que deverão ser comprados nos supermercados!
E para o meio-ambiente nada muda, afinal as sacolas serão substituídas por sacos de lixo, também feitos de plástico, trocando-se seis por meia dúzia.
Não vou aderir à campanha. Não é porque as sacolas são verdes e chamam-se "ecológicas" que elas trarão algum benefício. Para mim é só um caso de propaganda enganosa mesmo.

Sinal dos tempos

Minha recente viagem a Tapera (minha provinciana cidade natal de 10 mil habitantes situada no norte do Rio Grande do Sul) rendeu-me uma curiosa e extravagante descoberta, reveladora de uma grande revolução em curso por lá: deparei-me com um grupo de travestis na praça central da cidade. O que pode parecer banal para o habitante de um grande certo urbano é algo realmente digno de nota em se tratando de Tapera.
O mais surpreendente é a (pelo menos aparente) pacífica convivência entre os travestis e os demais cidadãos locais. Nas noites de sábado e domingo, especialmente durante o verão, é para a praça que se dirigem muitas famílias taperenses para fazer seu passeio, tomar um sorvetinho e apreciar o movimento. E para a mesmíssima praça acorrem esses 5 ou 6 travestis.
Não resisti: fui bater um papo com eles e acabei fazendo amizade e ouvindo histórias deliciosas sobre os bastidores da cidade. Dentro do grupo estava um rapaz de 17 anos, com seus cabelos compridos, roupas femininas, um inconfundível gingado ao andar e uma história de vida surpreendente. Professor de dança na escola municipal e aluno do curso de Magistério no Ensino Médio conservadoríssimo de Tapera. Ele é provavelmente o habitante mais inteligente de Tapera nos tempos atuais. Tempos diferentes daqueles em que eu vivia por lá e que mostram que a revolução invade até mesmo os pacatos municípios interioranos. Revolução feita não pelos donos da cidade nem pelos mestres das escolas, mas por gente como esse rapaz, que põe a cara a tapa e ocupa com dignidade seu lugar na praça, na escola, na cidade.