quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Recado da Índia


Por um motivo que desconheço, um jovem indiano acessou meu orkut e deixou-me um recado: "hi dear how are you". Reuni meu parco vocabulário de língua inglesa para responder educadamente a meu possível novo amigo virtual, dizendo que estou bem e que sou admirador da Índia e de sua cultura, mas que meu inglês é limitado e se ele souber francês será mais fácil nos comunicarmos. De fato, a Índia, sua História, cultura, religião, mitologia e arte me encantam há bastante tempo. Tenho uma vontade louca de conhecer esse país e chego a pensar que em encarnações passadas vivi lá (certa vez conheci um mirabolante método para saber sobre vidas passadas através da data de nascimento, e o resultado: segundo esse método, eu vivi, sim, na Índia).
Mas essa visita e esse recado virtuais conduziram-me a uma saborosa viagem por alguns minutos, sem locomover-me um metro sequer fisicamente. Acessei o perfil de meu visitante e fui vendo suas fotos, seus recados... Imaginando sua vida tão diferente da minha naquele longínquo continente, mas, ao mesmo tempo, com tantas semelhanças. E da página dele fui para a página de um amigo seu, e para a de um amigo do amigo, todos indianos, com descrições e fotos singelas mas cheias de significados, cargas emocionais, desejos, expectativas e possibilidades.
E de um fato tão simples, literalmente, viajei: meditei, refleti, senti. Senti a vida daqueles garotos indianos em sua intensidade e vi a beleza de sermos humanos no que nossa humanidade tem de universal. Esse não-sei-quê indizível que nos torna tão parecidos, sejamos chineses, australianos, franceses, indianos ou brasilieros...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Crepuscular











Naquelas tardes outonais de quase inverno, naquelas coxilhas do Norte do Rio Grande do Sul, naqueles anos de 95, 96, 97, naqueles minutos que antecediam as 18 horas, aquele espetáculo eu gostava de ver.
A postos em algum ponto mais elevado daqueles campos, tendo diante dos olhos uma grande extensão de terra, vendo lá embaixo a igreja e, por trás de suas torres, bem mais adiante, as plantações e a cidade vizinha, eu apenas contemplava.
O horizonte distante, era lá para as bandas de Selbach que tudo acontecia. O sol descendo e provocando aquelas mutações de vermelhos em laranjas e azuis e violetas e até em verdes. Sempre a mesma cena, sempre diferente. E até os sons a meu redor se transformavam - como se, por segundos, a Natureza ficasse muda em puro deleite - quando ele, enfim, sumia.
Uma prece então me escapava dos lábios enquanto levantava-me para ir-me dali, 18 horas, hora da ave-maria. No caminho, cruzava com gentes que certamente não haviam virado seus pescoços para trás a fim de ver o espetáculo. Era como se só eu soubesse. Eram tantas as coisas que só eu sabia! Não era à toa minha solidão...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Minha mania por incensos

Incenso parece ser uma daquelas coisas que ou as pessoas amam, ou detestam. Estou no primeiro grupo desde quando tinha 15 anos e acendi unzinho pela primeira vez. Tinha lido uma matéria na extinta revista Destino (revista de esoterismo publicada pela Editora Globo até 1997) sobre a magia dos incensos e fiquei muito curioso por experimentar. Num sábado de manhã (sim, eu lembro até que dia da semana era), entrei numa lojinha onde, por intuição, achava que encontraria incensos e saí de lá com um pacotinho de incenso de mirra. Era de uma marca nacional chamada Boreal, que acredito não existir mais, pois há muito tempo não vejo. Vinha num saquinho de tecido azul escuro muito bonito. Tudo muito "místico" e misterioso, ainda mais quando se tem 15 anos... Foi o início de uma verdadeira mania.
A partir de então tornei-me um consumidor constante (em algumas épocas mais intensamente do que em outras) das varetinhas perfumadas. Aprendi que as melhores marcas são as que vêm da Índia e que há verdadeiras porcarias vendidas com nome de incenso também (talvez as culpadas pela aversão de alguns ao incenso). Aprendi a reconhecer e diferenciar aromas.Incenso pra meditar, pra acalmar, pra concentrar, pra descontrair, pra perfumar simplesmente... E muitos aromas passaram a habitar minha mente e a transportar-me no tempo e no espaço: às vezes, ao sentir um certo "sândalo" ou uma certa "alfazema" no ar, minha mente viaja anos atrás e milhas de distância a lugares e épocas em que senti a mesma fragância. E há alguns aromas que mesmo o mais cético dos mortais seria obrigado a reconhecer que, de alguma forma, mudam a energia do ambiente. Como essa mirra que estou queimando agora e que me obrigou a escrever, hoje, sobre incensos...
Comprar incensos acaba virando uma mania divertida: dá vontade de ter todos os aromas em casa. Pra terem uma idéia, hoje tenho em casa todos estes: alfazema, flor de laranjeira, sândalo (de duas marcas diferentes), rosa (de duas marcas também), nag champa, ylang-ylang, patchouli, benjoim, espiritual, spiritual master, poem, darshan, almíscar, canela, violeta e aroma dos anjos. Um verdadeiro estoque. E não estou satisfeito.
Quando quiserem me dar um presentinho, escolham um bom incenso indiano e não tenham medo de decepcionar...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

"A mim o fizestes"


No Evangelho de Mateus (capítulo 25, do versículo 40 em diante) há uma passagem que nunca deixa de surpreender-me. Trata-se de uma pregação de Jesus a respeito do Juízo Final. Segundo essa passagem, o único critério que define a salvação ou a condenação de cada um é o fato de ter sido ou não uma pessoa "caridosa", ter ajudado ou não o próximo necessitado. Segundo Cristo, é nos necessitados que Ele pode ser encontrado: quem ampara um necessitado ampara a Ele próprio, quem nega amparo é a Ele que desampara.
O que há de surpreendente nessa passagem é que estamos diante de um discurso completamente anti-religioso. O que Jesus diz ali é : não interessa sua religião, não interessa se você reza ou não, não interessa se você crê em Deus ou não, não interessa quantas doações você faz à sua igreja. Só interessa se você deu de comer a quem tinha fome, de beber a quem tinha sede, se vestiu quem estava nu e visitou quem estava enfermo. Se fez isso, garantiu o Reino dos Céus; se não fez, comprou sua passagem para o inferno.
Impossível, diante de um ensinamento tão simples e direto, não recordar das guerras religiosas "em nome de Jesus", da caça às bruxas "em nome de Jesus", da exploração do sofrimento alheio feita por igrejas "em nome de Jesus", dos preconceitos de todos os tipos ensinados "em nome de Jesus"...
Em sua última turnê, a "Confessions Tour", Madonna apresentou uma performance que provocou polêmica: interpretou a canção "Live to tell" simulando estar pregada numa cruz. Os religiosos, ao saberem de tal performance, acusaram-na de ofensa a símbolos religiosos. O que eles não viram é que, durante a performance, esse texto do Evangelho de Mateus era projetado nos telões ao fundo, juntamente com imagens de crianças africanas em estado de miséria. No final, Madonna desce da cruz, enquanto os telões mostram labaredas de fogo. Ela deita-se no chão com os braços em cruz e ouve-se o soar de um sino. É de arrepiar: enquanto Madonna demonstra ter captado plenamente o ensinamento cristão, os religiosos demonstram desconhecê-lo totalmente...




segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Britney, a musa underground


Quase sempre olho com desconfiança para quem critica Britney Spears. Quase sempre tais críticas são (in)fundamentadas em preconceitos - "ela é uma vagabunda, uma drogada, uma celebridade decadente" - ou em uma visão limitada - "ela não tem talento, é construída pelo marketing, só vive de mídia".
Tudo isso é verdade, mas não serve para criticá-la. No caso de Britney, todos esses pecados constituem virtudes. Sim, virtudes, porque fazem dela o retrato de nosso tempo, de nossa sociedade. Criticamos em Britney aqueles pedaços de nós mesmos que não ousamos assumir. Britney é o resultado perfeito e acabado (sem trocadilhos) dos valores da sociedade norte-americana.
Mais do que isso, Britney, em sua atual esquizofrenia, parece lutar desesperadamente para libertar-se das imagens construídas para ela - primeiro, a donzela linda e pura, depois a mulher super-sexy - e afirmar-se com uma imagem que seja autêntica.
"Piece of me", música de seu disco mais recente, é um tapa na cara (ou um golpe de guarda-chuva) em quem ainda não entendeu essa luta.
Viva Britney, a musa underground!


Tradução de "Piece of me"

Eu sou a Miss "Sonho Americano"
Desde os meus 17 anos
Não importa se eu estou em cena ou fugindo para as Filipinas
Eles continuam colocando fotos da minha bunda nas revistas
Você quer um pedaço de mim? Você quer um pedaço de mim...
Eu sou a Miss carma da mídia
Um outro dia um outro drama
Acredite eu não vejo problema
Em trabalhar e ser mãe
Com meus filhos nos meus braços
Eu continuo uma exceção
E você quer um pedaço meu
Eu sou a Miss estilo de vida ricos e famosos
(você quer um pedaço de mim)
Eu sou a Miss "Oh meu Deus é Britney a sem vergonha"
(você quer um pedaço de mim)
Eu sou a Miss "Extra! Extra!, essa é boa"
(você quer um pedaço de mim)
Eu sou a Miss "ela era tão gorda e agora é magra"
(você quer um pedaço de mim)
Eu sou a Miss "você quer um pedaço de mim?"
Tente me aborrecer
Bom faça como o paparazzi
Que me aborreceu
Espere que eu vou começar um "barraco"
E acabar em uma corte
Agora você quer um pedaço meu?
Eu sou a Miss "A que mais aparece na TV por "aprontar" na rua"
Quando estou indo ao mercado, não, na real
Você esta brincando comigo?
Causando pânico na indústria
Eu quero dizer, você quer um pedaço meu
Eu sou a Miss estilo de vida ricos e famosos
(você quer um pedaço de mim)
Eu sou a Miss "oh meu Deus é Britney a sem vergonha"
(você quer um pedaço de mim)
Eu sou a Miss "Extra! Extra!, essa é boa"
(você quer um pedaço de mim)
Eu sou a Miss "ela era tão gorda e agora é magra"
(você quer um pedaço de mim)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O poder da narrativa em "O jardim secreto" II

Na transposição feita por Agniezka Holland de “O jardim secreto” ("The secret garden", EUA/Reino Unido, 1993) para o cinema há uma seqüência que capta de forma aguda, através de uma série de signos imagéticos, a metamorfose oriunda de um despertar, de um “abrir os olhos”. Trata-se do primeiro contato de Collin com a luz. Desafiado por Mary, o menino havia aceitado abrir as janelas de seu quarto, que eram tapadas por tábuas de madeira. A seqüência inicia-se por um brevíssimo plano geral do exterior da casa e seu gramado iluminados pelo sol, ao qual se segue a imagem do interior do quarto sombrio, com a luz do exterior entrando pelas frestas entre a tábuas da janela. Subitamente as tábuas que fechavam a janela caem, e vemos Mary de frente para a janela e Collin um pouco mais afastado, em sua cadeira de rodas, cobrindo os olhos com as mãos. Através da janela, vemos Dickon no lado de fora, montado num cavalo branco ao qual as tábuas foram amarradas para serem puxadas e arrancadas. Dickon chama Mary para que ela o ajude, ela empurra a carreira de Collin para perto da janela e sai do quarto. A luz do dia invade o recinto e Collin tapa os olhos com as mãos, como quem está sendo cegado pela luz intensa à qual não está habituado. Ele abre os olhos e fica em pé apoiando-se na cadeira e vê, pela janela, Mary montada no cavalo com Dickon lá fora. Collin chama por ela e ela lhe acena, mas então ele desequilibra-se e cai no chão, onde fica gritando e debatendo-se. Os empregados entram no quarto e o colocam na cama, mas ele continua gritando histericamente. Mary entra no quarto, vai até em frente à cama, sobe num banquinho e grita com ele, mandando-o parar e dizendo que todos o odeiam e que alguém doente não conseguiria gritar daquela forma. Collin diz que tem um caroço nas costas que o deixará corcunda como seu pai, ela sobe na cama, examina-o e diz que não há caroço algum. Em seguida, a governanta entra no quarto, repreende Mary e diz que vai despedir a empregada que a deixou entrar no quarto. Collin grita com ela, proíbe-a de despedir a moça e ordena que ela saia do quarto. No final da seqüência, Collin está deitado na cama e Mary sentada a seu lado. Ele diz que talvez não esteja doente e que gostaria de sair e encontrar o jardim de sua mãe. Mary então lhe conta que já entrou no jardim. Enquanto ela vai descrevendo o jardim para ele, vemos a expressão de Collin, de olhos fechados e sorrindo, à qual sucede um plano geral exterior com uma pradaria muito verde e iluminada e ovelhas correndo, com uma trilha sonora de flauta e coral, além do canto de pássaros.
Vemos, em primeiro lugar, uma passagem das sombras para a luz. O ato de abrir as janelas e deixar a luz entrar demonstra a intenção de ver, de explorar novas possibilidades, de sair da situação de confinamento em que Collin encontrava-se até então. Mas essa passagem não se faz sem dor: num primeiro momento, a luz agride os olhos que nunca conviveram com ela. Além disso, para que uma transformação assim se realize, é necessário abandonar velhos hábitos incompatíveis com a nova postura que se quer assumir. A queda de Collin e seu ataque de histeria demonstram que ele ainda não estava pronto, ainda estava demasiado concentrado em seus temores e carente de ousadia e força. Ao perceber essa sua carência, ele volta ao comportamento que sempre tivera. Somente a intervenção de Mary, lançando luz sobre a real situação do garoto, vai fazê-lo perceber que é possível superar seus limites, pois ela própria já havia percorrido semelhante caminho, amparada por Dickon, o menino plenamente integrado à Natureza. Aqui, Dickon contribui com sua força, puxando as tábuas que cobriam a janela, mas é Mary quem opera a mediação entre o mundo exterior e o universo fechado a que Collin estava preso. E ela coloca escancaradamente diante de Collin a imagem que todos faziam dele. Nesse momento, não por acaso, ela está sobre um banquinho e focalizada em plongé, o que deixa sua estatura muito maior do que é de fato e que a torna enorme diante do menino, focalizado em contra-plongé: ao reconstruir seu imaginário e sua história pessoal, Mary forjou para si uma força que excede em muito seu tamanho aparente. E essa mesma força ela transmite para ele em seguida, levando-o a seguir o mesmo caminho que ela já percorrera. Ao questionar a veracidade de sua doença, o menino começa a destruir a história que lhe haviam narrado sobre ele próprio. Finalmente, ao descrever-lhe o jardim, Mary vai nutrir o imaginário dele com os elementos que permitirão a ele reconstruir sua própria história. Os olhos fechados do menino e sua expressão de deleite ao ouvir a descrição de Mary revelam que as coisas que ele imagina nesse momento serão poderosas o suficiente para conduzi-lo a uma nova postura diante de si mesmo e do mundo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O poder da narrativa em "O jardim secreto"

Escrito dentro do espírito do Romantismo, “O jardim secreto” (1912), de Frances Hodgson Burnett, apresenta como uma de suas questões centrais a transformação pela qual suas personagens principais passam ao longo da diegese, a partir da reconstrução que fazem das narrativas sobre si próprias. De uma situação inicial caracterizada pelo sofrimento, pela solidão e pela apatia, elas são guiadas pelos acontecimentos narrados a uma nova condição, marcada pela plenitude. Assim, a garota Mary Lenoxx, que, após a morte de seus pais na Índia, vai morar na imensa e escura casa de seu tio na Inglaterra, sai pouco a pouco de uma existência ensimesmada e passa a se aproximar das pessoas e a compreendê-las, bem como ao mundo que a rodeia. Da mesma forma, o garoto Collin, primo de Mary que nunca saía de seu quarto por julgar-se inválido e enfermo, acaba por descobrir-se saudável e cheio de vida. E também o Senhor Craven, tio de Mary, que após a morte de sua esposa tornara-se um homem amargurado e fechado em si mesmo, descobre razões para voltar a sorrir. Mas que acontecimentos são esses, capazes de desencadear tais metamorfoses?
O episódio central da narrativa consiste na descoberta, por Mary, de um jardim que estava fechado e abandonado havia 10 anos, desde a morte de sua dona, a esposa de Craven. Ao entrar no jardim, ela vê que o abandono o havia deixado à beira da morte. Com a ajuda de Dickon, irmão de uma das criadas da mansão, que encarna o espírito romântico em seu modo de viver plenamente livre e em harmonia com a natureza, ela passa a cuidar do jardim, que volta a florescer com vigor total. Paralelo ao desabrochar do jardim, ocorre o desabrochar de Mary: o contato com a natureza e com as pessoas muda-lhe o comportamento, a personalidade e até mesmo a aparência. A descoberta do jardim faz com que Mary olhe para fora de si mesma, vendo que há outras coisas além do interior daquela casa sombria e outras pessoas além de si própria. O imaginário de Mary vai, aos poucos, sendo preenchido por novas idéias e novas possibilidades, permitindo que ela reescreva a narrativa que havia sido escrita pelas outras pessoas sobre ela e que ela havia aceitado como sendo verdadeira: de que ela era uma menina feia e antipática, de que ninguém gostava dela e de que ela estava condenada à solidão e ao esquecimento.
A presença da “narrativa dentro da narrativa” é uma constante ao longo de todo o romance. Embora o romance seja construído através de um narrador em terceira pessoa, suas personagens estão a todo momento narrando coisas: episódios, cenas reais, imaginadas ou recriadas pela imaginação, a respeito de si próprias ou de outrem, que elas contam umas às outras e que movem, em grande parte, a narrativa do próprio romance. Elas revelam-se quase como co-narradoras, tamanha é a importância da voz que lhes é conferida. Na verdade, é por meio dessas narrativas que as personagens parecem tomar contato com o mundo que as cerca e com as outras pessoas. Assim, o conteúdo de tais narrativas acaba por determinar seus comportamentos. É o que ocorre com o garoto Collin: todos sempre haviam falado que ele era doente e não viveria muito tempo, as pessoas comentavam que ele se tornaria corcunda e inválido, e ele aceitava como verdade essa ficção criada sobre ele, a ponto de viver fechado em seu quarto, sem sair da cama ou ver a luz do sol. Até o dia em que ele é descoberto por Mary, sua prima, que já havia descoberto o jardim, e que vai povoar o imaginário do menino com elementos novos, com um mundo de vida e cores ao narrar para ele todas as suas descobertas. Mary introduz Collin num processo semelhante ao que ela já havia vivido: leva-o a vislumbrar o novo, a abrir os olhos diante do mundo e a reescrever sua própria história.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Eu sou esse momento

Nunca tinha ouvido falar do filme "Poder além da vida" ("Peaceful warrior", Victor Salva, Alemanha/EUA, 2006) até alguns dias atrás quando o vi na locadora, simpatizei com sua capa e sinopse e resolvi locar. Nem sabia, ao locá-lo, que era baseado em um livro, "O caminho do guerreiro pacífico", de Dan Millman, ginasta norte-americano que narra sua história de auto-superação após sofrer um acidente que quase acabou com sua carreira. Confesso que, quando o filme iniciou e li na tela: "baseado em fatos reais" e "inspirado no romance tal", meu alarme-preconceito soou. O nome do filme em português já não soava bem; essas duas informações adicionais pioraram: preparei-me para encarar um filme cheio de clichês e pieguice.
Entretanto, ele conseguiu surpreender-me pela qualidade. Não há melodrama, heroísmo banal ou modelos politicamente corretos, embora alguns clichês se façam presentes, como um certo heterossexualismo (inverossímel, em se tratando de ginastas olímpicos...) e puritanismo (que impediu que o ator principal fosse plenamente "aproveitado"...). Mas o grande feito do filme foi conseguir sintetizar - intencionalmente ou não - a essência do pensamento budista nas lições do velho Sócrates, que, ao final do filme, nem sabemos se existe ou se é uma ilusão de Dan. De qualquer forma, o que Dan aprende é que nossa mente desregulada e cheia de desejos e ilusões é a causa de todo sofrimento. Limpar a mente, despi-la de desejos e concentrá-la no momento presente é a chave para a libertação e a superação de qualquer obstáculo. No filme há uma fala que resume bem tudo isso:
"Onde estou?
Eu estou aqui.
Que horas são?
É agora.
Quem sou eu?
Eu sou esse momento."


Parece banal, mas não conheço ainda alguém que viva na prática essa filosofia de vida.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Selando...




Recebi do amigo Johny Farias, autor do belíssimo blog "Humano, por enquanto", dois selos que, informou-me ele, devo repassar a três blogs que me agradem (confesso que eu desconhecia o "procedimento" usualmente adotado com tais selos). Agradeço sinceramente ao Johny e apresento meus blogs "selados":

  • O ficcional/passional blog de Henrique Monteiro, justa-medida de inteligência, bom-humor e sensibilidade.
  • O "Sortilegium" de Vinicius Linné com seus criativos e puros textos. Foi com o blog anterior dele, o "Anjo Maldito", que acompanhei por muito tempo, que aprendi o que era um blog e tive vontade de ter um também.
  • O opinativo "Qualquer parada aí", do misterioso Codinome H, de leitura agradável e sempre proveitosa.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Padres Nossos





Os reverendos que embelezam as fotos acima são padres italianos que posaram para um calendário só de fotos de padres e seminaristas (ver matéria no Terra). Ao ler a matéria e ver as fotinhos só pude pensar: elas têm que ir para o meu blog! Afinal, há algo que ilustre melhor a tensão entre o sagrado e o profano do que esses bambinos? A beleza deles retratada no calendário pode servir, sim, para edificar almas cristãs, conduzindo-as à devoção e à gratidão a Deus, Autor de toda Beleza... Mas também pode inspirar os mais carnais desejos em homens e mulheres. Podem ilustrar sonhos e pensamentos de natureza bem distinta da religiosa. E podem, finalmente, provocar as duas espécies de sentimentos nas mesmas pessoas. Afinal, o que impede que alguém sinta-se, ao mesmo tempo, devotíssimo a Deus e excitadíssimo pela sensualidade do padre?

(Gracias a Mariana, que falou dos padrecos no blog dela e garantiu que eu postasse alguma coisa nesse sábado preguiçoso e sem inspiração....)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Puros e duros




Em “Puros e duros” *, a diversidade de cores e tamanhos das pedras, bem como a assimetria de sua disposição sobre o tecido parece indicar, por um lado, o desejo de pluralidade que permeia o artista em seu ímpeto de abraçar o mundo com sua criação. Além disso, as pedras representam a condição dos próprios artistas; as pedras, aqui, são os artistas. E os artistas é que são, então, puros e duros. Puros, porque em sua atividade de criação assumem características divinas, pois os deuses são os criadores por excelência. Mas, ao mesmo tempo, duros, porque essa atividade exige que estejam cobertos por uma carapaça que os proteja da violação de sua subjetividade. Os artistas apresentam características variadas, mas, assim como as pedras, em sua maioria, são dotadas de uma cor que não permite a visualização de seu interior, na maior parte do tempo o artista também oculta sua interioridade travestindo-a em cores e formas. Apenas uma das pedras é transparente, e justamente esta apresenta-se deslocada entre as outras que lhe estão próximas e que formariam, não fosse o deslocamento da pedra transparente, uma linha reta. Assim, a verdadeira interioridade do artista não se deixa ver senão em raros momentos, que constituem como que deslizes do artista: ela não deveria estar ali, mas insinua-se num momento de fraqueza do criador. O verdadeiro ouro de artista são as ilusões que ele consegue oferecer como verdadeiros, seu sucesso está exatamente em fazer crer ao outro que ele está vendo algo que, na verdade, é invenção sua. **


* Leonilson. 1991. Bordado e pedras sobre tecido. 24 x 20cm
** Trecho de um ensaio meu já publicado

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Para refletir antes de acordar

Tenho luas virtuais, nas quatro fases e numa quinta se quiser, mas a lua de verdade, essa quase nunca vejo.
Pôr-do-sol a qualquer hora no layout do meu blog, mas quando foi a última vez que o de verdade contemplei?
Os deuses que nunca invoco e os mestres que nunca escuto, os encontro sem surpresa nessa tela sobrenatural.
Suprema profanação: ter ao alcance dos olhos e da alma o real, mas preferir o virtual.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Repitam comigo: Eu estou de olho...

Campanhas publicitárias da Justiça Eleitoral e do Governo são, invariavelmente, insuportáveis. Dói saber que algum publicitário espertalhão enche os bolsos com dinheiro público para produzir essas pérolas do mau-gosto.
Certamente todo mundo já viu o anúncio televisivo repetido à exaustão em todos os canais: numa sala de aula, uma professora faz seus alunos conjugarem em todas as pessoas a frase: "Eu estou de olho." Entre os alunos, que vão sendo focalizados em closes que se alternam com planos de conjunto enquanto repetem a tal frase, há pessoas de todos os tipos: homens e mulheres, jovens e velhos, brancos e negros. "Atores" cuidadosamente escolhidos para representar todas as classes de eleitores... E a professora é negra, seguindo o clichê presente nesses anúncios, que sempre colocam pessoas negras em posições de destaque, numa forçação de barra comparável à do sistema de cotas nas universidades. (Como se isso fosse contribuir para diminuir as desigualdades sociais entre etnias...)
Num outro anúncio, exibido também exaustivamente pelas TVs, vemos uma mulher bem-apessoada, num ambiente que lembra uma redação de jornal ou uma empresa, recitando para a câmera o mesmo discurso empregado pelo narrador do primeiro anúncio. Sempre me pergunto: quem é essa mulher e o que ela faz ali? E ainda: por que a câmera movimenta-se para o lado enquanto ela fala? Aliás, na publicidade oficial, e até nos pronunciamentos dos governantes, é sempre assim: enquanto eles falam, a câmera move-se vagarosamente para o lado (ou é o cenário do fundo que se move?). A intenção desse movimento não consigo entender: será uma mensagem subliminar ou uma espécie de hipnose?
Por falar em hipnose, a professora daquele anúncio parece querer hipnotizar seus alunos com aquela frase. E a Justiça Eleitoral parece querer hipnotizar a nós todos, fazendo-nos assumir a culpa pelos crimes e desserviços dos políticos eleitos. Segundo ela, a culpa é nossa, pois nós não ficamos de olho...

Auto-ficção

Minha ficção é auto-centrada.
Não quer personagens.
É sua própria personagem.
Não quer diálogos.
Monologa.
Quer ser real. E, de tão real, nem chega a ser. De tão fictícia, não se realiza: Antes de nascer engole a si própria como há de fazer o Universo no fim dos tempos.

"A minha escola não tem personagem. A minha escola tem gente de verdade."
Legião Urbana - Vamos fazer um filme

Lunático V (Espiritualizado)

"Espiritualmente falando, a lua decrescente serve para arrancar as ervas daninhas, limpando o terreno com vistas à semeadura na lua nova, ao crescimento na lua crescente e à colheita abundante na lua cheia." *


* Marisa Varela, A gruta do Sol 2, Editora Misão Órion, 1998, p. 209

Lunático IV



"Os sete dias após a Lua Cheia são favoráveis aos relacionamentos sociais; à conscientização dos bloqueios, dos obstáculos e dos problemas; às mudanças de residências; ao abandono de hábitos antigos; à comunicação de novas idéias e planos; às atividades que exijam força de vontade e determinação" *

Portanto, a figura do Lobisomem, que se manifestaria nas noites de Lua Cheia, nada mais é do que um símbolo das atitudes que cada um de nós deveria tomar nesses períodos: exteriorizar nosso monstro interior, vociferar contra nossos dramas pessoais, abandonar os hábitos antigos e assumir nosso verdadeiro eu, com toda a força de vontade e determinação que tais feitos exigiriam de nós.

* Almanaque do Pensamento

PS. Série de devaneios trazidos à tona pela visão de uma lua minguante que se reduzia a um filete branco no céu ao amanhecer, tão insignificante que parecia uma pena pronta a ser levada pelo vento. Em colaboração com uma semana sem nicotina no cérebro.

Lunático III



"Os sete dias após a Lua Crescente são favoráveis ao início de novos empreendimentos, ao esclarecimento de mal-entendidos, às atividades que exijam o desapego de situações e de relacionamentos obsoletos, às tentativas de aprimoramento em todas as áreas da vida". *

Aproveitemos, pois, ao máximo, esses 15 dias que nos separam da próxima Lua Crescente e da obrigação de realizarmos tantas tarefas que gostaríamos de empurrar indefinidamente com a barriga.

*Almanaque do Pensamento

Lunático II



"Os sete dias após a Lua Nova são favoráveis à organização de atividades cotidianas, às atividades intelectuais e às pesquisas, aos trabalhos que exijam espírito de cooperação, às decisões relacionadas com compromissos sociais e amorosos, aos assuntos voltados para o bem comum." *

A partir de amanhã e até o dia 14 somente são favorecidas práticas que, atualmente, não interessam a ninguém.

* Almanaque do pensamento

Lunático I



"Os sete dias após a Lua Minguante são favoráveis ao planejamento de atividades e empreendimentos; ao término de trabalhos inacabados; à solução criativa de problemas ligados ao passado; ao relacionamento com jovens, adolescentes e crianças; ao início de tratamentos de saúde" *

Hoje é o último dia do mês propício para executar aqueles assassinatos há tempos desejados contra aqueles que nos fizeram sofrer no passado. É também o último dia para premeditar os crimes dessa natureza a serem praticados no próximo mês. Último dia de fevereiro em que as babás terão paz e os pedófilos se darão bem.
* Almanaque do Pensamento

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Voilà mon Coeur

Voilà mon coeur, 1989. Bordado e cristais sobre feltro, 22 x 30 cm



A foto acima apresenta a obra "Voilà mon coeur", do artista plástico Leonilson, cujo trabalho é marcado por uma profunda sensibilidade e por um constante trânsito entre o sagrado - com referências a ícones religiosos - e o profano - com referências à sexualidade e às mazelas da condição humana.
“Voilà mon coeur” encena um jogo de desvelamento e ocultamento pelo qual a obra em si parece contradizer seu título. “Eis meu coração”: o artista anuncia ou promete a revelação de sua subjetividade, ao oferecer sua própria alma no símbolo universal do coração. A transparência dos cristais reforça essa idéia de revelação, como a indicar que seria possível enxergar-se o próprio interior do artista na obra. No entanto, essa idéia não se confirma na prática. O artista está, na verdade, encoberto por um véu. O outro lado do feltro preso na parede é inacessível a quem o contempla, sendo possível apenas vislumbrá-lo ou imaginá-lo a partir dos pontos visíveis no lado contemplado. Para ver esse outro lado seria necessário ultrapassar esse véu, ou retirar a obra da parede. Mas esse gesto resultaria como que numa profanação, que romperia a natureza mesma da criação do artista. Os cristais funcionam como membros postiços que o artista acopla a seu corpo subjetivo a fim de expandir suas possibilidades de expressão artística, e é nessa subjetividade forjada que ele deseja ser (não) visto.
O título “Voilà mon coeur” encobre, por detrás de seu sentido literal, que sugere uma revelação, possíveis trocadilhos que sugerem, ao contrário, um ocultamento, ou um disfarce. O termo “voilà” associa-se facilmente ao termo “voile”, que tanto pode ter o sentido de “véu” quanto de “vela utilizada nos barcos”. O véu é justamente um artefato cuja função é não deixar ver; assim, ao mesmo tempo em que diz mostrar-se, o artista está ocultando-se. E se pensarmos em “voile” como vela, temos a sugestão de um coração que veleja por um oceano que o conduz a mil paradeiros, a mil mundos, a mil possibilidades. Coração que também presta-se a trocadilhos: em francês, conhecer “par coeur” significa ter algo gravado na memória. É por essa memória que o artista veleja? É dela que retira os infinitos mundos com o qual tece seu véu?


PS. Os parágrafos acima (com exceção do primeiro) são parte de um ensaio meu já publicado.

Enquanto ando

Enquanto ando percebo que o céu não é um só: há tantos céus e tantos azuis quanto olhos para vê-los. Enquanto ando percebo que o ar não é um só: há tantos ares quanto pulmões para respirá-los. Enquanto ando percebo que nem mesmo o Sol é um só: são muitos, muitos sóis, tantos quantos são aqueles sob suas luzes. Enquanto ando percebo a irrealidade da comunicação, essa quimera. Não há palavra, gesto ou som que comunique. Não há palavra, gesto ou som que atinja seu destinatário da forma como pretendia seu emissor. Não há palavra, gesto ou som...
Mas quando me sento é que vejo, na absoluta profundidade de sua inconsistência, flutuando sob a sangria do Sol agonizante, o Supremo Nada, Princípio e Fim de tudo o que (não) há. E, no êxtase causado por essa Iluminação noturna, calo-me.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Um livro diferente


Fala de reencarnação, planos astrais, vidas passadas e futuras, mas não é um livro espírita! Não é um grande best-seller, nunca o vi nas listas de mais vendidos, mas teve várias edições e até uma continuação. E, para completar, é um livro de 315 páginas, todinho impresso na cor violeta (igualzinho a esse post)!
Estou falando de "A gruta do sol", de Marisa Varela (Editora Nova Fronteira, 1991. A edição que possuo, a sexta, é de 1995).
Conheci esse curioso romance há mais de 10 anos, quando eu ainda cursava o Ensino Médio e estava numa fase de grande interesse por temas esotéricos, místicos e espirituais. Encontrei-o na biblioteca de meu colégio e o li de cabo a rabo mais de uma vez. Recentemente, reencontrei-o no Mercado Livre e o comprei. E, para minha grande surpresa, fiquei sabendo da existência de "A gruta do sol 2" (este, da Editora Missão Órion, 1998), que comprei também e cuja leitura ainda não terminei.
A história do romance gira em torno de Daniel, que conhecemos ainda menino e vivendo no Rio de Janeiro com seus pais. Ele teria uma vida semelhante à de qualquer criança, se não fosse sua intensa "vida espiritual". Durante o sono, sua alma faz viagens aos planos astrais elevados, onde ele vive experiências fantásticas, conhece os Mestres Ascensos e fica sabendo ser ele um ser altamente evoluído, que está em sua última encarnação na Terra. Todas essas experiências vão aos poucos modificando a "vida real" de Daniel, determinando seus comportamentos e suas escolhas, e, por conseguinte, seu futuro.
São evidentes as intenções da autora de usar o romance para transmitir ensinamentos espiritualistas, baseados nos ensinamentos da Grande Fraternidade Branca. Isso, no entanto, não a impede de construir um romance atrativo e palatável mesmo por quem não tem o menor interesse por tais ensinamentos. O narrador que ela constrói, o próprio Daniel, é bastante interessante e sabe levar sua história com talento o suficiente para ganhar o leitor. O livro tem momentos bastante dramáticos, mas outros repletos de bom-humor e ironia. Nem mesmo a narração dos acontecimentos espirituais vividos no plano astral tem o efeito de afugentar o leitor, pois acaba tendo sabor de ficção fantástica, no estilo "O Senhor dos anéis".
Marisa Varela está anos-luz à frente dos escritores espíritas que disputam as prateleiras das livrarias e as listas dos mais vendidos. Demonstra erudição e conhecimento do que vem a ser literatura, coisa que parece ser ignorada pelos "Gasparetto" da vida... Talvez seu ínico erro seja não ter grandes conhecimentos de marketing, pois seus livros tinham tudo para virar fenômeno de vendas.

Apresentando o Blog

Começando pelo título... Até já pensei em mudá-lo, mas acho que deixarei assim, pois resume bem (acho) aquilo que se poderá encontrar aqui: um pouco de Busca Espiritual, um pouco de literatura mundana, um pouco de meditação e um pouco de pornografia, um pouco de tudo... Afinal é assim que vivo... entre o sagrado e o profano.
O template (layout do blog) encontrei pronto num site . Tinha vários bonitos, mas escolhi este por causa da imagem ali de cima. Aprecio muito o pôr-de-sol, suas cores, seus vermelhos, sua aura, sua atmosfera mística. E essa torre atrás da qual o Sol se esconde, que não se sabe bem se é um castelo, uma casa antiga, uma igreja... dá pra "viajar" nessa foto, não?
O blog é tripartido, ja perceberam, né? Aqui no lado esquerdo ficam meus textos, meus posts. No meio colocarei imagens que aprecio, sagradas ou profanas (por enquanto só tem sagradas). Ainda no meio tem os links que indico ao leitor e a invocação do dia, que é como uma oração ou mantra que indico. E no lado direito tem só umas coisinhas por enquanto: o contador de visitas, o "Sobre mim" e o índice de postagens. Algo mais? Acho que é só por enquanto.
Bem, este é o blog que tenho a oferecer. Tentarei trazer para cá reflexões minhas sobre a vida a partir de qualquer coisa: um livro, uma música, uma imagem, um site, um filme, um texto ou um simples pensamento que passe por essa minha cabeça. E convido quem quiser comungar comigo de minha idéias a entrar aqui de vez em quando... seja muito bem-vindo (a)!

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Parando de fumar

Hoje é o quarto dia consecutivo sem cigarros para mim. Fumante há quase 7 anos, agora resolvi parar. Fazia tempo que estava amadurecendo essa idéia, e, enfim, tomei coragem. Não é fácil, e só quem já fumou e parou ou tentou parar saberá do que falo. Os sintomas da privação de nicotina são terríveis. A ansiedade que ela provoca é tremenda. É necessária muita força de vontade, preparo e certas atitudes que ajudam.
Beber muita água, sucos, chás e líquidos em geral é algo que ajuda. Contribui para fazer passar a vontade de fumar e, creio, para desintoxicar o organismo também.
Combater pensamentos perniciosos que a mente constrói em seu desepero por nicotina também é indispensável. Sim, porque a cada momento o inconsciente tenta nos convencer a fumar de uma forma diferente. Nessas horas é preciso sempre relembrar os malefícios do cigarro, os benefícios de parar, a dificuldade dos dias já transcorridos e até a economia feita sem comprar cigarros.
Tem sido valiosa para mim a contribuição de uma comunidade do Orkut chamada "Quero parar de fumar". Lá dezenas de pessoas tentando para de fumar trocam experiências, dão seus depoimentos, narram sua rotina de luta contra o vício. E pessoas que conseguiram vencer o vício lá estão sempre dispostas a ajudar. Deixo aqui o link da comunidade se alguém se interessar:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=460332
Um outro site que vale à pena é este:
http://www.pareagora.com.br/
Ali você digita o dia e a hora em que parou de fumar e ele calcula o tempo transcorrido, os benefícios alcançados e até a economia realizada por você. A cada vez que você o acessa, ele atualiza as informações.
Enfim, todos os recursos são válidos, mas o importante é lutar contra esse vício, afinal ele está lutando contra nosso bem mais precioso: nossa saúde e, em última instância, nossa vida.