quarta-feira, 25 de março de 2009

Dois gatinhos e uma pintura

No meu perfil do postcrossing (site do qual já falei aqui), entre minhas preferências de tipos de postais coloquei gatos e e obras de arte, além de várias outras. Hoje recebi dois postais. Um foi este, vindo da Finlândia, com estes amáveis bichanos.


E o outro, enviado por uma finlandesa que mora na Suécia, traz uma pintura de uma artista do país natal da remetente, chamada Saija Hairo. O quadro chama-se "Raskasta ja kevää", que significa "Pesada e só", segundo o Google Tradutor. Gostei imenso destas cores e da combinação entre elas (o cartão-postal tem exatamente este tamanho):

Cada vez mais, simpatizo com esse lugar chamado Suomi, que de tempos em tempos me manda coisas simples e belas em papel cartão.

Fazia tempo que eu não mostrava postais recebidos. Os Correios brasileiros estão lentíssimos desde o final do ano passado. Por causa disso, os postais enviados daqui demoram meses para chegar a outros países e, por conseguinte, tenho recebido postais com muito menos freqüência.

terça-feira, 24 de março de 2009

A cidade do mofo

Naquele quarto tem uma caixa cheia de papéis cujo cheiro de mofo me faz espirrar quando neles mexo. A prova nota dez em Sintaxe da qual nada mais lembro. O registro da perda de tempo em diagramas arbóreos, acusativas declinações latinas que para nada empregarei, os ensaios literários ingênuos e arbitrários (para não dizer óbvios), masculino e feminino em Um copo de cólera, a visão do indígena em Caramuru. Tudo cheira a mofo.
Em Pelotas tudo mofa. Os papéis, as casas, e eu.

terça-feira, 17 de março de 2009

Clodovil, morte sentida

De tantas mortes choradas coletivamente, a do Clodovil é especialmente significativa.
Foi-se um ícone do século passado que permaneceu até nossos dias. Ícone da contradição, da controvésia, e, sobretudo, da sensibilidade. Clodovil era a sensibilidade ao extremo, a sensibilidade sem limites, a sensibilidade que a tudo domina. Homem mais feminino do que muita mulher e com mais hombridade que muito machão.
Foi-se mas fica, impregnado que estará no inconsciente coletivo do povo. Foi-se, espantosamente, no dia do aniversário de Elis Regina, cantora de cuja amizade ele tanto se orgulhava e de quem tão freqüentemente falava. Assume, ao lado dela, seu posto na eternidade de nosso imaginário.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Fecharam a comunidade "Discografias"


A comunidade do orkut chamada Discografias (aquela da simpática foto do gato na estante de discos), que tinha quase 1 milhão de membros e era usada para o compartilhamento de links para o download de música, foi finalmente fechada, por pressão da APCM, a associação que diz lutar contra a pirataria. Os donos da comunidade resolveram extingui-la após terem sofrido ameaças dessa entidade.

Eu já tinha postado alguma coisa a respeito dessa caça às bruxas AQUI. Por um lado, é lamentável pelo significado que isso tem: existe gente lutando de modo repressor e retrógrado contra a difusão da cultura. Mas, na prática, o saldo será positivo. Serviu para fazer muita gente acordar a respeito dessa guerra que vem sendo travada. Há uma revolução em curso e há forças tentando detê-la. Mas não conseguirão. Fecharam uma "Discografias", mas já há várias outras abertas. E ainda fizeram triplicar em dois dias o número de membros da comunidade "Eu odeio a APCM" (da qual eu já participava há tempos).

As instituições que pretendem combater a pirataria mostraram mais uma vez o quanto são burras. Não consigo perceber de que modo a extinção de uma comunidade pode contribuir para diminuir a pirataria. Pelo contrário: quem faz download de músicas não precisa comprar CDs pirata. Quem compra CDs originais tem o direito de compartilhá-los com quem quiser, emprestando o CD ou disponibilizando-o em sites de download. Sem falar que muita coisa que é compartilhada simplesmente não existe em lojas de CDs! Discos antigos, LPs nunca lançados em compact disc, álbuns não vendidos em nosso país ou comercializados em pequenas tiragens... E que, pelo fenômeno do compartilhamento, tornam-se miraculosamente acessíveis. É uma ignorância indizível pretender acabar com tudo isso para garantir o próprio lucro. Se as gravadoras querem sobreviver, é melhor encontrarem métodos mais inteligentes e menos levianos para se adapatarem aos novos tempos. Pois até agora o que elas têm feito é cavar a própria cova.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Memória olfativa

No supermercado, na hora de passar no caixa, a moça comia daquelas pipocas prontas, aquelas pipocas doces, de pacotinho vermelho.
(No supermercado perto de casa a moça sempre come alguma coisa enquanto trabalha. E os funcionários usam as geladeiras dos refrigerantes e cervejas para guardar seus lanches. Às vezes você abre o refrigerador e lá está um pratinho de plástico com um pedaço de bolo, ou um sanduíche mordido.)
Mas nesse dia a moça comia daquelas pipocas, que nunca descobri como são feitas. (Ingredientes: milho canjicado e açúcar) Pipoca mesmo não é. A textura parece de isopor, o gosto é simplesmente doce e o cheiro...
O cheiro me levou subitamente a alguma tarde perdida da década de 80, nuvens escurecendo o céu, tarde molhada, chuva e sala de aula cheia de guarda-chuvas pingando, botas de borracha e recreio com brinquedos sem pátio. E no barzinho da escola sempre tinha aquelas guloseimas, aquelas pipocas falsas que espalhavam seu cheiro doce pela sala.
No dia seguinte comprei por impulso um pacotinho daqueles pra mim. O gosto, a textura e o cheiro são imutáveis. (A Pipoca Beija Flor é lider absoluta de mercado. CROCANTE E DOCINHA, ela é produzida a partir da seleção das melhores matérias primas existentes no Brasil. Não tem gordura, colesterol ou conservantes. Afinal, é produzida especialmente para quem cuida da saúde e do corpo. Tem baixo teor de calorias, sem abrir mão de ser SABOROSA.) A diferença é que agora ela tem seu próprio site.

sábado, 7 de março de 2009

Angel-A

Loquei o filme, em primeiro lugar, por ser francês e, em segundo, por ter como protagonista o simpático ator Jamel Debbouze, que eu conhecia de Amélie Poulan e da série Taxi. Angel-A (2007) tem uma bela fotografia em preto e branco e algumas metáforas interessantes.

André pretendia se matar por causa de uma série de dívidas que não tinha como pagar. No momento em que vai pular de uma ponte, ele conhece Angela, que lá estava com a mesma intenção que ele. Ela pula primeiro e ele salva sua vida. Então ela resolve ficar com ele para ajudá-lo a resolver seus problemas, o que ela faz através de métodos inesperados: obtém o perdão de dívidas ou dinheiro para pagá-las por meio da violência e da prostituição. Tais métodos revelam-se ainda mais surpreendentes quando ela revela ao amigo que ela é um... anjo. "E por que o céu enviaria uma puta de 1m80?" É a pergunta que André faz a Angela. A enviada do céu mostra-se sintonizada com nossa época e consciente de que os fins justificam os meios.

Mas o bom do filme é que os fins não se restringem à solução dos problemas materiais de André. Sem que ele perceba, Angela o guia em uma jornada de auto-descoberta. Angela é o próprio André, ou o que ele gostaria de ser, ou o que ele deveria ser. "Sou uma puta loira de 1m80?" - pergunta ele novamente. O tímido, temeroso e subserviente baixinho tem oculta dentro de si uma determinada e corajosa femme fatale.

Na última cena, André está com Angela diante de um espelho e ela o orienta a declarar amor a si mesmo. Com certa dificuldade, ele o faz. É quando Angela desparece. Mas ele continua dizendo à sua imagem: "eu te amo." Agora ele sabe que Angela vive dentro dele.

quarta-feira, 4 de março de 2009

6

Por que seis? Não sei.
O meme que a Janaína me passou consiste em "Escreva 6 coisas aleatórias sobre você". Achei gozado o "aleatória". (Tinha lido na Revista da Semana que no Facebook havia uma onda de gente escrevendo textos chamados "25 coisas sobre mim". Ainda bem que não uso Facebook e que aqui são só 6...).
1.
Nunca trabalhei oficialmente. E não tenho a menor necessidade de "realização profissional". Acho até idiota essa idéia de "realização profissional". Quem inventou isso? Parece idéia importada dos USA. Essa coisa de "para ser feliz preciso trabalhar e me sentir útil e realizado profissionalmente". Rio-me por dentro quando alguém diz isso. Eu gosto é de ócio, de rien faire, de não-horário. Trabalho pra mim é só por necessidade de dinheiro. Se não precisasse, nunca trabalharia. (Deixem que os que precisam de realização profissional trabalhem...)
2.
Tenho hipertensão com 28 anos, 1m87 e 76 kg. 50 mg de propanolol diariamente, ou a pressão vai a 18x11 e sinto-me morrendo.
3.
Participo de discussões sobre temas os mais variados no orkut. A novela das 8, os índices de audiência da TV aberta, o álbum mais recente da Madonna, a nova turnê da Britney, os pronuncionamentos de Bento XVI, os ensinamentos do Mestre Ascenso Saint Germain e os contos esquecidos de Caio Fernando Abreu. Tenho um prazer enorme em debater por escrito e a distância, e horror a fazê-lo oral e pessoalmente.
4.
Vivo recomprando livros que já tive e perdi. Alguns jamais lerei mas quero (re)tê-los, como quem se agarra a pieces of me. Os livros esotéricos dos anos 90, as revistinhas pré-internet. O "Anjos - Tudo que você queria saber", por Mirna Grzich e Biba Arruda, em 20 fascículos semanais acompanhados de fitas K7, que vai chegar semana que vem, direto de um sebo de João Pessoa.
5.
Sei cozinhar e cozinho bem. Mas não gosto de. Faço por obrigação e necessidade. Cortar cebola dá cheiro ruim na mão.
6.
Já fui em show de Sandy e Junior. 2001, Curitiba, no Jóquei Clube, 40 mil pessoas, chovendo, eu e meu amigo Robson, que hoje é Frei Robson OCD.


Vou repassar não. A Janaína que me perdoe, mas ela que me ensinou essa tática excelente: quem quiser fazer esse meme em seu blog, facebook, orkut ou sei-lá-o-que, fique à vontade! Mas é só para os seis primeiros!