quarta-feira, 25 de junho de 2008

A busca - talvez - vã

O que busco é aquele ponto exato em que não há contradição e onde se dissolvem todas as tensões.
Sempre à espreita, tento captar aquele átimo de segundo - que outrora vi - em que, de repente, tudo faz sentido.
Ou talvez aquela fissura no espaço (no tempo?) - milimétrica - que permite a integração do que era e do que será.
Onde se escondeu, se um dia foi tão óbvia sua existência?
Por que foi que acordei daquele sono seguro que apagava os porquês? Ou será que agora é que durmo?

Salvador Dali, "A persistência da memória"

sábado, 21 de junho de 2008

Viajando pelo Pantanal


Esse mês foi pobrinho em postagens... Apenas uma até agora!!! Que vergonha!!!

Uma desculpa eu tenho e vai ser o tema desse post. É que tenho andado ocupadíssimo a assistir à novela que o SBT, por uma idéia brilhante de Silvio Santos, recolocou no ar. Pantanal, a novela da extinta TV Manchete, produzida em 1990 e que se tornou um dos maiores clássicos (senão o maior) da teledramaturgia brasileira. Pantanal é daquelas coisas sobre as quais sempre ouvi falar, mas que nunca havia tido a oportunidade de ver.

Pantanal é absolutamente cinematográfica. Não é uma novela como as outras. Apresenta imagens lindíssimas, trilha sonora impecável, diálogos precisos, personagens emblemáticas e uma trama absolutamente envolvente. O ambiente selvagem, exótico, natural, invade nossa casa a cada vez que a novela começa. Cada capítulo é uma viagem de exploração à Natureza. A natureza selvagem e a natureza humana. A natureza brasileira e a natureza universal.

Fico feliz que Pantanal esteja obtendo bons índices de audiência e colocando o SBT na frente da terrível Rede Record, cujas produções de dramaturgia nem mesmo são dignas desse nome. É mais uma lição que aquela época envia à nossa, tão superficial e vazia...



Cristiana Oliveira, a Juma, de Pantanal

P.S. Hoje, Solstício de Inverno, Yule

sábado, 7 de junho de 2008

Senhor, piedade dos silas malafaias!

Fanáticos religiosos causam ojeriza, raiva, revolta. Mas, na verdade, são dignos mesmo é de pena. São pessoas frustradas, fracas e infelizes. Foi a conclusão inevitável a que cheguei hoje pela manhã quando, sintonizando um canal de televisão, deparei com um pastor evangélico chamado Silas Malafaia. O reverendo esbravejava enfurecidamente (a redundância convém) contra o projeto de lei que pretende criminalizar a homofobia no Brasil e garantir alguns direitos a homossexuais. O pastor está indignado com o projeto, que, em sua (falta de) visão, vai tirar-lhe o direito de criticar a homossexualidade e privar-lhe de sua liberdade de expressão. Estava convocando os "cidadãos de bem" a acompanharem-no até Brasília, onde pretende protestar contra o projeto de lei. Parece que para o tal pastor criticar os homossexuais é a base de seu discurso, ponto fundamental de sua crença religiosa, um dos pilares de sua igreja. Cômico ao extremo.
Mas o reverendo Silas demonstra tanta infelicidade, tanta raiva em sua expressão, tanta rigidez em sua postura, que é impossível não sensibilizar-se com sua triste situação. Agarrou-se ferrenhamente a uma doutrina que lhe dá a sensação de segurança e realização pessoal que faltam em sua vida. Criticar os homossexuais e os que vivem o amor livre (ele classifica o sexo entre pessoas solteiras como "prostituição") é a conseqüência natural da prisão em que se confina seu pensamento. Pessoas livres, que não vivem de acordo com os padrões morais que ele impôs para si, são vistas por ele como uma ameaça: significam que é possível viver com liberdade, sem a bênção de "Nosso Senhor Jesus Cristo" e, mesmo assim, com felicidade e plenitude. Pobre Silas! Não vê que o mundo é maior do que o que alcançam seus olhos míopes!

"Vamos pedir piedade! Senhor, piedade! E um pouco de coragem!"

Dedico o vídeo a seguir a todos os silas malafaias que existem por aí. In Madonna we trust, pois só ela salva.