terça-feira, 11 de novembro de 2008

A distância entre as cidades

Quando eu era [mais] jovem, gostava de chocar as professorinhas do Ensino Médio lá de Tapera(então 2º Grau) com afirmações contundentes e posturas para elas inaceitáveis. Era divertido ver o quanto elas eram presas a noções de "correto", a "comportamentos-padrão" e a uma moral "positiva e religiosa", e o quanto meu tom blasé e de pouco caso para com suas tradições podia deixá-las perplexas.

O tempo passou, morei em outros locais, convivi com outras pessoas, vi todo tipo de coisa, mas esse prazer secreto me acompanhou, quase como um fetiche. É extremamente prazeroso ver indivíduos que se agarram a "tradições" e a "bons costumes" ficando estarrecidos diante de algo que questiona o lugar seguro em que se instalaram. É terrivelmente excitante essa postura corrosiva para com a velha sociedade, que faz alguns se debatarem em um palavreado que serve apenas para mostrar uma vez mais o quanto são grotrescas suas convicções. Esse é um dos motivos que me fazem amar Madonna. Ela também tem esse fetiche, essa postura "fuck you" diante do mundo. Afinal, o que ela está fazendo quando se manda cruscificar em cima do palco ou quando oferece "Like a virgin" a Bento XVI, senão rindo da cara de quem fica chocado com isso?

Essa "rebeldia juvenil" parece-me a única postura aceitável diante de uma estrutura social apodrecida e que está a ponto de ruir. É necessário corroê-la em definitivo, implodi-la, para que desmorone de uma vez e exponha a todos o lamaçal sobre o qual foi construída. Não interessa a intenção que tinham os que a construíram, nem o que vai ser construído depois. Não interessa se um mundo mais perfeito surgirá. Uma coisa é certa: qualquer coisa que venha será melhor do que isso que foi construído até aqui pelas boas intenções de nossos ilustres antepassados, que não possuíam consciência ecológica (pois não lhes interessava), mas a quem não faltava a perspicácia para buscar o lucro fácil e instantâneo (que muito lhes interessava).

Um comentário:

Hazel Evangelista disse...

Adorei este post.

E também gosto de adoptar a postura "fuck you" perante esse pessoal da "moral e dos bons costumes", que, geralmente, são os mais... chamemos-lhes "poluídos".