terça-feira, 15 de abril de 2008

Estações

Um hábito que marcou boa parte de minha vida e que tenho retomado ultimamente é o de ouvir rádio. Talvez seja uma herança genética: minha vó sempre estava ouvindo rádio, minha mãe passa as manhãs ouvindo sua AM preferida enquanto se ocupa de seus afazeres, e meu pai acompanha alguns jogos de futebol pelo rádio.
Ganhei meu primeiro rádio com uns 12 anos de idade e desde então passei a fazer das estações de FM da região onde morava (o Alto Jacuí, no norte do Rio Grande do Sul) a trilha sonora das horas que dedicava todos os dias à leitura. O rádio tem seus encantos específicos: a diversidade musical com a qual se pode ter contato através dele, a suave companhia do locutor, as vozes sem rosto que escutamos... É interessante o modo como cada emissora desenvolve uma personalidade, torna-se facilmente reconhecível ao ouvinte habituado a ela.
Na minha adolescência, dos 15 aos 17 anos, a rádio que mais ouvi foi a Studio 2 FM, da minha cidade natal, Tapera. Gostava sobretudo do programa de flasback que havia entre o meio-dia e às 2 da tarde, e da programação noturna, que eu sempre ouvia e por meio da qual conheci muito daquilo que até hoje aprecio em matéria de música. Atualmente, vez ou outra sintonizo essa rádio via internet. A programação está um pouco diferente do que era naquela época, os locutores são outros, mas a personalidade da rádio, em sua essência, continua a mesma.
Quando morei em Porto Alegre (em 2000), eu gostava de ouvir a Continental e a Antena 1, duas rádios de "música de elevador", com boa parte da programação feita de flashbacks e sem locutor ao vivo.
Quando morei em Curitiba (2001 e 2002) conheci a Joven Pan FM, que naquela época tocava muita música eletrônica e pop (foi lá que conheci Kylie Minogue e Britney Spears). Hoje não consigo ouvir essa rádio por muito tempo, pois está dominada pelo hip hop e bandas de rock atuais (e insuportáveis).
Quando vim morar em Pelotas percebi que quase todas as estações FM daqui eram péssimas, mas havia uma que salvava a situação: a Pampa FM, rádio idêntica à Continental que eu ouvia em Porto Alegre. A Pampa tinha um repertório todo seu e uma voz inconfundível que marcava todas as sua vinhetas, dizendo a hora após cada música. Há músicas que só ouvi na Pampa, nunca em outro lugar. Infelizmente, ela não existe mais. Foi vendida e transformada em emissora evangélica pela igreja universal.
Agora descobri a Federal FM, também de Pelotas. Apesar (ou justamente por causa disso?) de ser uma emissora educativa, pertencente à Universidade Federal de Pelotas, tem uma ótima programação, em muitos aspectos semelhante à da Pampa. É a rádio que estou ouvindo agora.
É curioso que a gente chame as emissoras de rádio de "estações", porque pra mim essa palavra faz todo sentido: parece que em cada estação da minha vida eu ouço uma estação de rádio diferente, que acaba dizendo muito sobre meu estilo de vida naquela época...

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