sábado, 26 de abril de 2008

Um livrinho simpático

Pra quem torce o nariz para os livros de Paulo Coelho, sinto informar que esse texto é sobre um. Aliás, acho uma bobagem esse "torcer o nariz": Paulo Coelho não é um grande romancista, mas há um espaço preenchido por seus livros junto ao público leitor (que nem sempre está atrás de "grandes romancistas"). E o fato de ele ter entrado para a Academia Brasileira de Letras só mostra o quanto essa instituição é incoerente. Mas voltemos ao nosso tema...
"Maktub" é o nome do simpático livrinho (livrinho porque é pequeninho mesmo) que ele lançou em 1994 e que consiste numa coletânea de textos publicados na coluna que ele tinha na Folha de São Paulo. Nesses textos, Coelho apresenta como que parábolas que visam transmitir ensinamentos espirituais. Parábolas que ele coleta nas mais variadas tradições, religiões e filosofias e às quais dá uma roupagem palatável a um público contemporâneo. Assim sendo, o escritor acaba revelando nesse livro seu verdadeiro talento: ele é um compilador, sabe ler e recriar coisas que já foram ditas, que já estão escritas (Maktub: está escrito...).
Quando eu tinha uns 16 anos peguei esse livro na biblioteca de Tapera e gostava de lê-lo e meditar sobre seus textos andando pelos prados abundantes naquela cidade (uma bela cena bucólica!). Semana passada entrei num sebo aqui em Pelotas e havia o livro para vender por 5 reais, então comprei-o. Na primeira página está assinado "Rafael" e datado "19-05-99". Portanto, comprei o livro exatamente 8 anos e 11 meses depois do dia em que seu proprietário anterior assinou-o. Mas, como não sou Paulo Coelho, não sei o que isso significa...

Agora vou abrir o livrinho ao acaso e copiar aqui o texto correspondente à página em que eu abrir:


Uma lenda do deserto conta a história de um homem que ia mudar-se de oásis, e começou a carregar seu camelo. Colocou os tapetes, os utensílios de cozinha, os baús de roupas - e o camelo aguentava tudo.Quando ia saindo lembrou-se de uma linda pena azul que seu pai tinha lhe presenteado. Resolveu pegá-la, e colocou-a em cima do camelo. Neste momento, o animal arriou com o peso, e morreu."Meu camelo não agüentou o peso de uma pena", deve ter pensado o homem. Às vezes pensamos o mesmo do nosso próximo - sem entender que nossa brincadeira pode ter sido a gota que transbordou a taça do sofrimento.

(COELHO, Paulo. Maktub. Rio de Janeiro, Ed. Rocco, 1994, p.178)

Um comentário:

mauricio disse...

olá diom! muito obrigado pela visita! eu sou desses que torce o nariz pro paulo coelho, sobretudo por que li muito de suas primeiras obras na minha adolescência e hoje elas já não me causam o mesmo efeito. mas respeito, com certeza, o gênero literário de cada um! fique a vontade para vasculhar o meu blog e o meu orkut! aliás, me adiciona lá, que eu não te achei! foste na festa do mafuá, no final das contas?! abraços! ;)