sexta-feira, 14 de março de 2008

O sagrado e o profano

(Texto dedicado às pessoas que chegam a este blog através do Google, buscando pelas palavras-chave "sagrado e profano" ou semelhantes.)


O sagrado e o profano são conceitos de enorme importância social. A força que se encontra por detrás deles é capaz de definir padrões comportamentais aceitos, relegando outros à marginalidade. No entanto, ou justamente por isso, são noções extremamente flutuantes, variando de acordo com o tempo e o espaço.


Sagrado
:
do Lat. sacratu
adj.,
relativo aos ritos ou ao culto religioso;
que foi consagrado;
profundamente venerável;
puro;
santo;
a que se deve o maior respeito;
inviolável;
s. m.,
aquilo que é sagrado;
prov.,
adro da igreja;
o chão do cemitério.
do Lat. profanu <>
não pertencente à religião;
não sagrado;
leigo, secular;
mundano;
não iniciado em certos conhecimentos;
estranho a certos assuntos;
ignorante.


Se é certo que se tratam de dois universos opostos, também não se pode negar que um só é compreensível em relação ao outro. Afinal, como entender que algo é puro e santo, sem a noção do que é impuro e mundano?
Na definição de ambos os conceitos, o fator religioso ocupa papel central. É da crença religiosa, da relação com o sobrenatural e, em última instância, dos próprios deuses, que advém o caráter sagrado de certos atos, objetos, lugares e indivíduos. Por outro lado, é da oposição ao transcendental, da negação ou da afronta a ele, que provém a profanidade de outros atos, objetos, lugares e indivíduos.
Mas é sobretudo o aspecto social que interfere na formatação do sagrado e do profano no imaginário da coletividade. As relações de poder, o modo de produção e a distribuição dos bens materiais e culturais valem-se desses dois conceitos para obter para si próprios a legitimação, a aceitação e a perpetuação. Exemplo clássico disso é o caráter sacro atribuído a si próprias pelas antigas monarquias: enquanto representante de Deus, o rei era sagrado e inquestionável. Rebelar-se contra ele seria uma profanação.
Se em nossos dias o pensamento religiosos perde a força de persuasão e os conceitos de sagrado e profano já não falam com tanta força ao homem contemporâneo, fica a questão: que outros conceitos ocupam hoje seus lugares? Será a idéia de "científico" oposta à de "não-científico" a versão moderna do sagrado e do profano?

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom blog.